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A IMPONTUALIDADE DO AMOR - Martha Medeiros

Você está sozinho. Você e a torcida do Flamengo. Em frente a tevê, devora dois pacotes de Doritos enquanto espera o telefone tocar. Bem que podia ser hoje, bem que podia ser agora, um amor novinho em folha.

Trimmm! É sua mãe, quem mais poderia ser? Amor nenhum faz chamadas por telepatia. Amor não atende com hora marcada. Ele pode chegar antes do esperado e encontrar você numa fase galinha, sem disposição para relacionamentos sérios. Ele passa batido e você nem aí. Ou pode chegar tarde demais e encontrar você desiludido da vida, desconfiado, cheio de olheiras. O amor dá meia-volta, volver. Por que o amor nunca chega na hora certa?

Agora, por exemplo, que você está de banho tomado e camisa jeans. Agora que você está empregado, lavou o carro e está com grana para um cinema. Agora que você pintou o apartamento, ganhou um porta-retrato e começou a gostar de jazz. Agora que você está com o coração às moscas e morrendo de frio.

O amor aparece quando menos se espera e de onde menos se imagina. Você passa uma festa inteira hipnotizado por alguém que nem lhe enxerga, e mal repara em outro alguém que só tem olhos pra você. Ou então fica arrasado porque não foi pra praia no final de semana. Toda a sua turma está lá, azarando-se uns aos outros. Sentindo-se um ET perdido na cidade grande, você busca refúgio numa locadora de vídeo, sem prever que ali mesmo, na locadora, irá encontrar a pessoa que dará sentido a sua vida. O amor é que nem tesourinha de unhas, nunca está onde a gente pensa.

O jeito é direcionar o radar para norte, sul, leste e oeste. Seu amor pode estar no corredor de um supermercado, pode estar impaciente na fila de um banco, pode estar pechinchando numa livraria, pode estar cantarolando sozinho dentro de um carro. Pode estar aqui mesmo, no computador, dando o maior mole. O amor está em todos os lugares, você que não procura direito.

A primeira lição está dada: o amor é onipresente. Agora a segunda: mas é imprevisível. Jamais espere ouvir "eu te amo" num jantar à luz de velas, no dia dos namorados. Ou receber flores logo após a primeira transa. O amor odeia clichês. Você vai ouvir "eu te amo" numa terça-feira, às quatro da tarde, depois de uma discussão, e as flores vão chegar no dia que você tirar carteira de motorista, depois de aprovado no teste de baliza. Idealizar é sofrer. Amar é surpreender.
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ACESSE - CONTOS, CRÔNICAS, POESIAS E ETC.


A PRIMEIRA DE FLÓRIS - Edmir Saint-Clair

 

A música é a arte que nos permite expressar emoções, contar histórias e nos conectar uns com os outros sem palavras, de uma forma única e mágica. A música não existe no mundo físico. Não se pode capturar uma música com as mãos, não se pode possuí-la, aprisioná-la.

 Para aqueles que compõem, a importância vital é ainda maior. É uma mistura de paixão, desabafo, desejo, inspiração e criatividade que resulta em algo totalmente etéreo que se expressa na linguagem da alma, que só as emoções entendem.

Foi assim que aquele momento especial aconteceu a esses três amigos/músicos que se conheciam e tocavam juntos há décadas. Dois deles começaram a tocar e, sem palavras, sem olhares, sem nada, começaram a executar uma música inédita que nascia naquele momento, a cada nota tocada. Uma música com alma própria, que parecia ter estado esperando a vida toda por esse momento para nascer.

O terceiro músico, que afinava seu instrumento, teve uma sensibilidade igualmente única e sublime. Ele soube que tinha que ficar em silêncio, soube que precisava apenas observar e sentir. Seu silêncio era o melhor que podia doar para que aquele momento continuasse se realizando. A prova viva de que o silêncio é parte essencial da música. E assim, juntos, eles criaram algo inesquecível.

Essa foi a última música que os três criaram juntos, sem saberem que seria assim. Uma música que nasceu do nada, de tudo que já tinham tocado e vivido juntos, de uma mistura de emoções e inspiração que fluíram livremente pela última vez. Um momento perfeito, coroado com a criação de uma composição que pareceu ter vindo do além para marcar aquele momento, igualmente transcendental, para sempre.


 

PATÉTICO - Edmir Saint-Clair

 

O médico fora direto e objetivo. A cirurgia ocorrera sem intercorrências e as expectativas eram boas. Mas, as próximas 24 horas seriam críticas. A bala transpassou o crânio e, apesar de ter feito um trajeto quase milagroso, atingindo superficialmente uma região menos nobre do cérebro, As consequências de um tiro na cabeça são sempre imprevisíveis.

Dona Jandira estava aflita e seu sofrimento era intenso e visível. Em suas mãos, a bíblia, constantemente manuseada, era apertada incessantemente com todo fervor que ela possuía, que era infinito.

Jorge, o filho no CTI, era o último membro vivo de sua família. Perdera o marido, uma filha e um irmão da mesma maneira, voltando do trabalho para casa. Todos por balas atiradas por ninguém.

Dessa vez seria diferente. Desde que se converteram, haviam encontrado o mais próximo de acolhimento e amparo que, quem perdera toda a família no intervalo de um ano, necessitava tão visceralmente.

Jorge e Dona Jandira eram assíduos frequentadores dos cultos e jamais atrasavam seus dízimos. Naquele momento, rezando na capela do Hospital Público, esse pensamento confortou-a profundamente e lhe veio a certeza de que tudo daria certo.

Jorge estava indo encontrá-la no templo quando uma troca de tiros o pegara em fogo cruzado.

Mas, Dona Jandira estava confiante, o pastor lhe garantira que hoje dedicaria a sessão de cura das 20 horas especialmente ao seu filho querido por todos.

Às 20 horas, Dona Jandira ajoelhou-se na pequena capela do hospital e começou a orar, sentindo uma grande energia percorrer todo seu corpo. Teve vontade de chorar de emoção. Teve absoluta certeza de que a intensidade das orações do pastor na sessão de cura, a quilômetros de distância, chegara com toda a força até ela e seu filho. Jorge estava salvo.

Nesse momento, o médico entra na capela, dirige-se até ela e, sem tomar fôlego, lhe comunica que “infelizmente, o quadro do filho evoluíra a óbito. E, que ele sentia muito”.

Quando soube, o Pastor lamentou a perda de mais um fiel que nunca atrasava o dízimo.

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CIMENTO FRESCO - Edmir Saint-Clair

  Mais um pôr do sol cinematográfico no Rio de  Janeiro. Verão,todas as cores da vida no céu e na terra.

Qualquer horário seria lindo após a confirmação de sua contratação para o novo emprego. Foram longos e difíceis os anos da pandemia sem trabalho. Sobrevivera, a que preço mental e existencial ele não saberia avaliar. Havia sido alto, bastante alto, e consumira forças que ele não sabia possuir.

Mas, naquele fim de tarde o fio da meada estava achado, a partir dali, era só uma questão de tempo para reorganizar a vida o que, nunca, se faz de um pôr do sol para outro.

Caminhando em direção ao supermercado, repara que o posto de gasolina que está sendo construído no trajeto está recebendo o primeiro piso de cimento, apenas numa pequena parte do terreno, exatamente no seu caminho.  

Na volta, o caminhão e os operários, que haviam cimentado o piso, já haviam partido e no cordão isolante o aviso: cimento fresco.

Ele não teve dúvidas, pegou a chave no bolso e escreveu seu nome com todo o capricho na massa ainda moldável. Ficou perfeito! Nunca fizera melhor.

Levantou-se e admirou sua obra. Voltou no tempo, quando a vida ainda não tinha passado e tudo ainda estava por acontecer. Se sentia assim naquele momento, escrevendo seu nome numa nova história.

E como estava fantástico o pôr do sol naquela tarde.

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PRESENTE DE NATAL - Edmir Saint-Clair

 

A bicicleta, no meio daquela grande vitrine natalina, chamou-lhe a atenção. Era vermelha e modelo BMX, parecida com a primeira bicicleta que dera ao filho. Há mais de 30 anos. A lembrança foi automática e dolorida.

Na noite da véspera de Natal, perto do horário de fechar, os shoppings se tornam o maior dos infernos para quem está ali apenas para comprar um sifão da pia, que estourou. Até a loja de materiais de construção se apropriou do Papai Noel e colocou um pobre velhinho fantasiado para vender vasos sanitários e Box blindex em 12 vezes, porque é Natal.

Parou de tentar gostar de Natal já tem tempo, na verdade, não suporta a data. Gosta de passá-la como se não houvesse.

De tudo que já havia perdido, o contato com o filho era o que mais lhe doía. Esse seria o décimo ano, o décimo natal desde que haviam rompido. Nem uma troca de palavra sequer durante toda essa eternidade. Tentara a reaproximação de diversas maneiras, durante todos esses últimos anos, mas nunca obtivera resposta alguma. 

Quando saiu, o shopping já estava praticamente fechado, assim como todo o comércio do bairro. Existe apenas uma noite, no Rio de Janeiro, em que os bares restaurantes, farmácias e todo o resto do comércio fecha; na noite de natal.

Voltando para casa, pelo caminho mais longo, foi vendo o tráfego ir se reduzindo, os pontos de ônibus se esvaziando e pensou que não trocaria o sifão naquela noite. Queria apenas dormir. Definitivamente, o natal não lhe faz bem.

Ele sabe, já passou várias dessas meias-noites na rua, por livre vontade. Saía de casa alguns minutos antes e passava a meia-noite na rua. Apenas para ver sua própria solidão tomar conta de tudo e imperar soberana. Não tinha mais medo de encará-la. Ao contrário, tornaram-se bons companheiros.

Parou na entrada da garagem e, enquanto aguardava que o porteiro lhe abrisse o portão, ouviu a voz inconfundível:

- Feliz Natal pai. Vamos passar juntos?

Era seu filho.

Edmir Saint-Clair



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PEDRO BIAL - Mude

Mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.

Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa.

Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.

Tome outros ônibus.

Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.

Veja o mundo de outras perspectivas.

Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... Depois, procure dormir em outras camas. Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros.

Viva outros romances.

Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo.

Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.

Corrija a postura.

Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.

Tente o novo todo dia. O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.

A nova vida. Tente. Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações.

Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.

Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.

Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... Tome banho em novos horários.

Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares.

Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.

Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.

Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.

Abra conta em outro banco. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.

Mude.

Lembre-se de que a Vida é uma só. E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.

Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo.

E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez.

Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.

O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda !

Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!
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NATAL, A ESTÓRIA DO MENININHO - Rubem Alves

Minhas netas: o Natal está chegando. Todo mundo fica agitado, é preciso comprar presentes no cartão de crédito, fazer dívidas a serem pagas no outro ano, preparar comilanças... Mas, afinal de contas, por que tanto agito? Eu acho que a maioria se agita sem saber porque. E, se soubessem, não se agitariam... Pois eu vou dizer o que penso do por que do Natal. O Natal é o dia em que se para tudo a fim de se contar e a fim de se ouvir uma estória, a mais bela e a mais simples jamais contada. Todo esse agito por causa de uma estória? É. 

Vocês, que gostam do Harry Potter, fiquem sabendo: a estória do Natal é uma estória do mundo dos mágicos, dos bruxos, das fadas, das varinhas de condão, dos encantamentos. As estórias têm poderes mágicos. Vocês já notaram que, quando a gente ouve uma estória que nos comove, ela entra dentro da gente, faz a gente rir, faz a gente chorar, faz a gente amar, faz a gente ficar com raiva? As estórias dos mundos dos mágicos saltam das páginas dos livros onde estão escritas, entram dentro da gente e se alojam no coração. 


Quando isso acontece a estória fica viva, toma conta do nosso corpo e da nossa alma, e nós passamos a ser parte dela. Pois a estória do Natal faz isso com a gente. Quando vai chegando o Natal eu fico com saudade das músicas antigas de Natal (tem de ser das antigas; as modernas não servem) e começo a folhear meus livros de arte, onde estão as pinturas do presépio. É muito simples: um menininho que nasceu em meio aos bois, vacas, ovelhas, cavalos, jumentos... Era menininho pobre. 


Mas diz a estória que quando ele nasceu aconteceu uma mágica com o mundo: tudo ficou diferente: as árvores se cobriram de vaga-lumes, as estrelas brilharam com um brilho mais forte, e até uns reis deixaram os seus palácios e foram ver o nenezinho. A visão do menininho os transformou: eles largaram suas coroas, jóias e mantos de veludo junto com os bichos, na estrebaria. Quem vê o menininho fica curado de perturbação. Perturbados são os adultos que, ao falar sobre Deus, imaginam um ser muito grande, muito poderoso, muito terrível, ameaçador, sempre a vigiar o que fazemos para castigar. 


Pois o Natal diz que isso é mentira. Porque Deus é uma criancinha. Ele está muito mais próximo de vocês do que dos adultos. E foi essa mesma criancinha que, depois de crescida, disse que para estar com Deus bastava voltar a ser criança. Se os adultos, antes de comprar presentes e preparar ceias, se lembrassem da estória, eles ficariam curados da sua doidice. Na noite do Natal que se aproxima, antes de abrir os presentes, antes de começar a comedoria, peça ao seu pai ou à sua mãe: “Por favor, conte a estória do menininho...“ E, se eles não souberem contar, peça que eles leiam esse poema sobre o Menino Jesus escrito por um poeta que queria ser menino, por nome de Alberto Caeiro.

Num meio-dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
No céu era tudo falso, tudo em desacordo
Com flores e árvores e pedras.

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele fugiu para o sol
E desceu pelo primeiro raio que apanhou.

Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas.
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre,
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação,
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver.
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro.
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta.
E como se cada pedra
Fosse todo um universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales.
E a fazer doer aos olhos os muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?
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MEUS CABELOS GRANDES - Edmir Saint-Clair

 

No início dos anos 1970, os cariocas começaram a deixar seus cabelos crescerem muito mais do jamais antes. Os astros do rock inglês do Led Zeppelin, Pink Floyd, Genesis, Yes e cia tinham, todos, os cabelos maiores do que os das nossas namoradas. Logo, meus amigos estavam ostentando cabeleiras bem abaixo dos ombros. 

E, eu, adivinhem? Estava estudando no Colégio Militar do Rio de Janeiro por livre e espontânea vontade de brincar de soldadinho. Se arrependimento matasse...

Corte militar, máquina 1, toda semana.

 Eu e minha família tínhamos passado um ano fora morando em Uruguaiana, na fronteira com a Argentina. Naqueles anos, os jornais do Rio e SP chegavam com dois dias de atraso, e não havia sinal de televisão na cidade. Muito diferente do mundo que havíamos deixado no Leblon. Era como estar em outro país, numa cultura completamente diferente.

Quando viajei, os cabelos de todos eram iguais, mais ou menos do mesmo tamanho. Quanto menor mais prático e mais gostávamos.

Quando voltei, meus amigos tinham cabelos longos e usavam roupas completamente diferentes das minhas e do meu cabelo.

Voltei já matriculado e há 4 dias do início das aulas, no Colégio Militar. Sem tempo para desistir.

Me lembro que fiquei assustado quando percebi como tudo tinha mudado tanto. Viajei no meio do ano anterior, aos 11 anos, e voltei precisamente 1 ano depois. O suficiente para o mundo inteiro mudar.

As roupas, as novas gírias e trejeitos foram assimilados facilmente, com a volta da convivência. Mas, os meus cabelos...quanta diferença.  Me sentia um estranho no próprio ninho.

Depois de dois anos e meio cortando o cabelo, semanalmente, no modelo recruta, saí do Colégio Militar. Os meus amigos do bairro, e de infância, não cortavam os seus há anos.

Me senti livre como o astro de Hair e  cheguei a ter o cabelo mais compridos entre os da minha turma.

Mas, no começo, ainda demorou vários meses, até que meu cabelo crescesse o suficiente e eu me sentisse seguro para frequentar o píer e as dunas da Gal. 

Edmir St-Clair


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EMPATIA - Martha Medeiros


As pessoas se preocupam em ser simpáticas, mas pouco se esforçam para ser empáticas, e algumas talvez nem saibam direito o que o termo significa. Empatia é a capacidade de se colocar no lugar do outro, de compreendê-lo emocionalmente. Vai muito além da identificação. Podemos até não sintonizar com alguém, mas nada impede que entendamos as razões pelas quais ele se comporta de determinado jeito, o que o faz sofrer, os direitos que ele tem.

Nada impede?

Foi força de expressão. O narcisismo, por exemplo, impede a empatia. A pessoa é tão autofocada, que para ela só existem dois tipos de gente: os seus iguais e o resto, sendo que o resto não merece um segundo olhar. Narciso acha feio o que não é espelho.

Ele se retroalimenta de aplausos, elogios e concordâncias, e assim vai erguendo uma parede que o blinda contra qualquer sentimento que não lhe diga respeito. Se pisam no seu pé, reclama e exige que os holofotes se voltem para essa agressão gravíssima. Se pisarem no pé do outro, é porque o outro fez por merecer.

Afora o narcisismo, existe outro impedimento para a empatia: a ignorância. Pessoas que não circulam, não possuem amigos, não se informam, não leem, enfim, pessoas que não abrem seus horizontes tornam-se preconceituosas e mantêm-se na estreiteza da sua existência. Qualquer estranho que possua hábitos diferentes será criticado em vez de respeitado. Os ignorantes têm medo do desconhecido.

E afora o narcisismo e a ignorância, há o mau-caratismo daqueles que, mesmo tendo o dever de pensar no bem público, colocam seus próprios interesses acima do de todos, e aí os exemplos se empilham: políticos corruptos, empresários que só visam ao lucro sem respeitar a legislação, pessoas que “compram” vagas de emprego e de estudo que deveriam ser conquistadas através dos trâmites usuais, sem falar em atitudes prosaicas como furar fila, estacionar em vaga para deficientes, terminar namoros pelo Facebook, faltar compromissos sem avisar antes, enfim, aquelas “coisinhas” que se faz no automático sem pensar que há alguém do outro lado do balcão que irá se sentir prejudicado ou magoado.

É um assunto recorrente: precisamos de mais gentileza etc. e tal. Para muitos, puxar uma cadeira para a moça sentar ou juntar um pacote que alguém deixou cair, basta. Sim, somos todos gentis, mas colocar-se no lugar do outro vai muito além da polidez e é o que realmente pode melhorar o mundo em que vivemos. A cada pequeno gesto diário, a cada decisão que tomamos, estamos interferindo na vida alheia. Logo, sejamos mais empáticos do que simpáticos.

Ninguém espera que você e eu passemos a agir como heróis ou santos, apenas que tenhamos consciência de que só desenvolvendo a empatia é que se cria uma corrente de acertos e de responsabilidade – colocar-se no lugar do outro não é uma simples gentileza que se faz, é a solução para sairmos dessa barbárie disfarçada e sermos uma sociedade civilizada de fato.
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