REDES ANTISSOCIAIS - Ruy Castro

A publicação de jornais e revistas on-line abriu um importante canal de comunicação com os leitores. Assim que leem um artigo ou reportagem, eles podem enviar seu comentário sobre o texto ou o assunto de que este trata. Publicado ao pé da matéria, o dito comentário desperta a opinião de outros leitores e, em poucos minutos, está criado um fórum de discussão entre pessoas que nunca se viram, nunca se verão e podem estar a milhares de quilômetros umas das outras.

Ainda bem. Pelo teor de alguns desses comentários, é bom mesmo que não se encontrem. Se um leitor discorda enfaticamente do que leu, pode atrair a resposta raivosa de um terceiro, o repique quase hidrófobo de um quarto e um bombardeio de opiniões homicidas na sequência. Lá pelo décimo comentário, o texto original já terá sido esquecido e as pessoas estarão brigando on-line entre si.

O anonimato desses comentários estimula a que elas se sintam livres para passar da opinião aos insultos e até às ameaças. Na verdade, são um fórum de bravatas, já que seus autores sabem que nunca se verão frente a frente com os alvos de seus maus bofes.

Já com as "redes sociais" é diferente. Elas também podem ser um festival de indiscrições, fofocas, agressões, conspirações e, mais grave, denúncias sem fundamento. E, como acolhem e garantem a impunidade de todo tipo de violência verbal, induzem a que as pessoas levem esse comportamento para as ruas. Será por acaso a crescente incidência, nos últimos anos, de quebra-quebras em manifestações, brigas em estádios, arrastões em praias e, última contribuição das galeras, os "rolezinhos" nos shoppings?

São algumas das atividades que as turbas combinam pelas "redes sociais" --expressão que, desde sempre, preferi escrever entre aspas, por enxergar nelas um componente intrinsecamente antissocial.

DESTINO SE INVENTA - Ivan Martins

Por que esperar passivamente que um romance 
caia do céu e dê sentido à sua vida?
  
Se eu fosse mulher, tivesse 30 anos e não estivesse num relacionamento sério, minha lista de planos para 2014 começaria com quatro palavras: arrumar uma relação legal.

Imagino, claro, que a mulher de 30 se parece comigo na idade dela: meio carente, um tanto romântico e cheio de planos para o futuro. Planos, que, no meu caso, incluíam alguém para partilhar a vida.

Há muitas pessoas que não sentem assim, evidentemente. Há caras e garotas que vivem bem sozinhos. Tão bem, na verdade, que não desejam juntar os trapos e se comprometer. Eles transam quando querem, ficam bem sozinhos e extraem da sedução frequente aquela satisfação que outras pessoas só encontram na intimidade duradoura com uma mesma pessoa – por mais que ela traga seus próprios problemas.

Não é raro que se tenha inveja desses sedutores solitários, mas suspeito que eles, de vez em quando, também gostariam de ser diferente do que são.

Mas, se você sente que não nasceu para circular de forma autônoma, se você, no fundo da sua alminha inquieta, percebe aquele desejo ancestral de acasalar e (quem sabe?) fazer família, temo que a única solução para 2014 seja procurar um par.

Parece absurdamente óbvio o que estou dizendo, mas, acreditem, não é.

Estou cansado de conversar com mulheres de 30 anos que parecem ter desistido do projeto casal. Falam em adotar sozinhas uma criança, congelar óvulos ou viver avulsas para sempre, navegando entre um casinho e outro, entre um e outro site de relacionamento. Estão jogando a toalha, como se dizia antigamente – embora sejam jovens, atraentes, interessantes, bem sucedidas no trabalho. Um paradoxo de saias.

O que elas contam é que chegaram a uma idade em que é preciso tomar decisões, mas não há em volta delas sujeitos que queiram dar um passo adiante – ou, frequentemente, sujeitos com quem elas gostariam de dar o tal passo. Homem sempre existe, diz uma amiga minha. Mas cadê o homem que a faça sentir apaixonada? Ou que, tendo penetrado a couracinha afetiva dela, não se mostre mais interessado em seguir livre, rompendo outras couraças por aí?

A vida não é simples, naturalmente. Frequentemente, porém, ela tem solução. Que, neste caso, pode estar na atitude.

Acho que nós, homens e mulheres do século XXI, ainda temos um olhar adolescente para as relações afetivas. Queremos que nos caia do céu um romance arrebatador, pronto e completo, sem contradições ou dúvidas. Sem defeitos constrangedores também. Exigimos ser amados pelo que somos, mas estabelecemos condições elevadas para amar. Tendemos, de forma tola, a nos apaixonar pela beleza, pelo charme, pelo riso. Apostamos no clichê e na superfície, mas aspiramos ser tratados de outro jeito: queremos ser apreciados pela profundidade dos nossos sentimentos e por nosso caráter.

Outro tipo de atitude é possível, porém.

Outro dia, conversando com uma amiga sobre o casamento dela – que já tem 10 anos – ouvi algo surpreendente. “Eu tive muita sorte”, ela me disse. “Meu marido é um cara maravilhoso, mas eu poderia ter amado alguém muito pior.” Vocês percebem como é generosa essa última frase? “Eu poderia ter amado alguém muito pior” significa, essencialmente, que ela estava pronta quando o sujeito apareceu. Ele não precisava ser rico, lindo, heróico. Seria suficiente que a encantasse – e ela, lindamente, admite que não teria sido difícil. Um bom homem bastaria.

Acho que há nessa história ainda mais do que parece.

Nela se manifesta a disposição da mulher – embora pudesse ser do homem – de inventar o seu próprio destino. Acho que o romantismo pueril disseminado à nossa volta (em conversas, filmes, novelas, livros e até colunas da internet) nos transforma em criaturas passivas diante da nossa própria vida.

Agimos como se o amor fosse um evento externo à realidade. Partilhamos a convicção estranha de que diante do amor não temos nada a fazer. Acreditamos que a única atitude frente ao afeto é esperar que ela apareça. Não entendemos esse aspecto da existência como algo sob nosso controle - embora ele seja mais uma etapa da existência, outra experiência essencial da qual não faz sentido abdicar, mas diante da qual não deveríamos apenas sentar de boca aberta, embasbacados e passivos.

Em outras palavras, me ocorre que construir uma relação estável é como terminar o colégio, escolher a faculdade, lançar-se a uma profissão, sair da casa dos pais: uma experiência que precisa ser praticada, tentada, pensada e, de vez em quando, improvisada e remendada. Ao final, talvez, aceita da forma como apareça.

Logo, se eu fosse uma mulher de 30 anos sem uma relação estável - ou um homem da mesma idade e na mesma situação –  olharia em volta neste primeiro dia do ano da graça de 2014, seja na praia chuvarenta ou na rua ensolarada da cidade, em busca de alguém com que eu quisesse passar os próximos dez anos.

Ele ou ela pode estar pertinho. Ou não. Mas é certo que essa pessoa existe, porque não se trata de um semideus ou de uma criatura engendrada pela Providência. É um homem ou uma mulher comum, como tantos, a quem você concederá, de forma particular e única, embora não irrefutável, o privilégio do amor. 

A quem você oferecerá o direito a partilhar alguns dos momentos mais importantes da sua vida – e que receberá, atônito ou comovida, a honra do seu amor. Estar com ele ou com ela será infinitamente melhor do que jogar as mãos para o alto e desistir. 

Aliás, como regra não se desiste da vida, nem das coisas que a tornam importante.

O PERIGOSO PETISCO PARA CÃES E GATOS - Fernanda Fragata

 Na última semana, o Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora de comida e medicamentos dos Estados Unidos, divulgou que aproximadamente 580 pets morreram de doenças causadas por petiscos importados da China. Desde 2007, 3.600 cães de diversas idades e raças – além de 10 gatos – adoeceram após comerem petiscos chineses de carne processada. Os veterinários, em conjunto com o FDA, continuam investigando, porém ainda não concluíram qual a causa exata de tantos adoecimentos e óbitos. Sintomas relacionados a problemas renais e gastrintestinais são os mais relatados.

Desde janeiro de 2013, o número de mortes relacionadas aos petiscos chineses vem caindo pois as importadoras recolheram os produtos do mercado. Alguns sites divulgaram listas com produtos condenados.
Até o momento, não temos no Brasil relatos deste tipo de problema grave relacionado ao consumo de petiscos para cães e gatos. Entretanto, vale lembrar que para uma alimentação saudável os bichinhos não precisam ingerir petiscos e biscoitos. Estes devem ser oferecidos somente como agrado e esporadicamente.

Não é raro animais apresentarem problemas gastrointestinais como vômito e diarreia ao ingerir porções maiores de petiscos, assim como ocorre com crianças que comem guloseimas em excesso. E, falando nisso, o dono de pet não pode esquecer que nossos amigos de quatro patas têm sensibilidade diferente da nossa, e, por este motivo, não devem nunca ganhar petiscos humanos como agrado.

O excesso de sal encontrado na maioria dos salgadinhos, por exemplo, pode causar desde sede excessiva e aumento na produção de urina até vômitos, diarreia, depressão, tremores, febre e convulsões, podendo levar o animal à morte. Balas, doces e cremes dentais infantis podem conter uma substância chamada xilitol usada como adoçante em muitos produtos. Ela causa um aumento na liberação de insulina reduzindo muito o nível de açúcar no sangue, contribui para a elevação das enzimas do fígado e, em casos mais graves, pode levar à insuficiência hepática.



Os sinais iniciais de intoxicação incluem vômitos, apatia, perda de coordenação e até convulsões. Chocolate, café e produtos com cafeína possuem na fórmula as metilxantinas que, quando ingeridas por animais de estimação, podem causar vômitos e diarreia, respiração ofegante, sede excessiva, aumento da produção de urina, hiperatividade, arritmias, tremores, convulsões e também pode levar à morte. Bebidas alcoólicas, uvas passa, cebola, alho, noz do tipo macadamia, cerveja, abacate, entre outros petiscos humanos podem, da mesma forma, colocar a saúde dos pets em risco. Por isso, para a manutenção da saúde de seu animal, seja ele cão ou gato, escolha uma ração de boa qualidade, ofereça sempre água fresca e, a qualquer sinal de indisposição, consulte imediatamente o médico veterinário.

SESSÃO DE TERAPIA - Arnaldo Jabor

"Doutora, eu procurei a psicanálise porque tenho tido pesadelos: sonho que morri assassinado por mim mesmo, que estou preso com traficantes estupradores. Não mereço isso, eu, que sempre assumi minha condição de corrupto ativo e passivo (sem veadagem... claro). Não sou um ladrão de galinhas, mas já roubei galinhas do vizinho e até hoje sinto o cheiro das penosas que eu agarrava. Ha ha ha... Mas hoje em dia, doutora, não roubo mais por necessidade; é prazer mesmo.

Estou muito bem de vida, tenho sete fazendas reais e sete imaginárias, mando em cidades do Nordeste, tenho tudo, mas confesso que sou viciado na adrenalina que me arde no sangue na hora em que a mala preta voa em minha direção, cheia de dólares, vibro quando vejo os olhos covardes do empresário me pagando a propina, suas mãos trêmulas me passando o tutu, delicio-me quando o juiz me dá ganho de causa, ostentando honestidade e finge não perceber minha piscadela marota na hora da liminar comprada (está entre US$ 30 e50 mil hoje).
Como, doutora? Se me sinto "superior" assim? Bem, é verdade... Adoro a sensação de me sentir acima dos otários que me "compram" - eles se humilhando em vez de mim.

Roubar me liberta. Eu explico: roubar me tira do mundo dos "obedientes" e me faz "excepcional" quando embolso uma bolada. Desculpe... A senhora é mulher fina, coisa e tal, mas, adoro sentir o espanto de uma prostituta, quando eu lhe arrojo US$ mil sobre o corpo e vejo sua gratidão acesa, fazendo-a caprichar em carícias. É uma delícia, doutora, rolar, nu, em cima de notas de cem dólares na cama, de madrugada, sozinho, comendo chocolatinhos do frigobar de um hotel vagabundo, em uma cidade onde descolei a propina de um canal de esgoto superfaturado. Gosto da doce volúpia de ostentar seriedade em salões de caretas que me xingam pelas costas, mas que me invejam pela liberdade cínica que imaginam me habitar.

Suas mulheres me olham excitadas, pensando nos brilhantes que poderiam ganhar de mim, viril e sorridente - todo bom ladrão é simpático. A senhora não tem ideia aí, sentada nesta poltrona do Freud, do orgulho que sinto, até quando roubo verbas de remédios para criancinhas, ao dominar a vergonha e transformá-la na bela frieza que constrói o grande homem.

Sei muito bem os gestos rituais da malandragem brasileira: sei fazer imposturas, perfídias, tretas, sei usar falsas virtudes, ostentar dignidade em CPIs, dou beijos de Judas, levo desaforo para casa sim, sei dar abraços de tamanduá e chorar lágrimas de crocodilo...

Eu já declarei de testa alta na Câmara: "Não sei nem imagino como esses milhões de dólares apareceram em minha conta na Suíça, apesar desses extratos todos, pois não tenho nem nunca tive conta no exterior!". Esse grau de mentira é tão íntegro que deixa de ser mentira e vira uma arte.

Doutora, no Brasil há dois tipos de ladrões de colarinho branco: há o ladrão "extensivo" e o "intensivo".

Não tolero os ladrões intensivos, os intempestivos sem classe... Faltam-lhes elegância e "finesse" Roubam por rancor, roubam o que lhes aparece na frente, se acham no direito de se vingar de passadas humilhações, dores de corno, porradas na cara não revidadas, suspiros de mãe lavadeira.

Eu, não. Eu sou cordial, um cavalheiro; tenho paciência e sabedoria, comecei pouco a pouco, como as galinhas que roubei na infância, que de grão em grão enchiam o papo... Eu sou aquele que vai roubando ao longo da vida política e, ao fim de décadas, já tem Renoirs na parede, iates, helicópteros, esposa infeliz (não sei por que, se dou tudo a ela) e infelizmente filhos estroinas... (mandei estudarem na Suíça e não adiantou).

Eu adquiri uma respeitabilidade altaneira que confunde meus inimigos, que ficam na dúvida se me detestam ou admiram. No fundo, eu me acho mesmo especial; não sou comum.

Perto de mim, homens como os mensaleiros amadores foram meros cleptomaníacos... Sou profissional e didático... Considero-me um técnico, um cientista da corrupção nacional...

Olhe para mim, doutora. Eu estou no lugar da verdade. Este país foi feito assim, na vala entre o público e o privado. Há uma grandeza insuspeitada na apropriação indébita, florescem ricos cogumelos na lama das "maracutaias".

Ouso mesmo dizer que estou até defendendo uma cultura! São séculos de hábitos e cacoetes sagrados que formam um país. A senhora sabe o que é a beleza do clientelismo ibérico, onde um amigo vale mais que a dura impessoalidade de uma ética vitoriana?

A amizade é mais importante que esta bobagem de interesse nacional! O que meus inimigos chamam de irresponsabilidade e corrupção do Congresso é a resistência da originalidade brasileira, é a preservação generosa do imaginário nacional!

A bosta não produz flores magníficas? O que vocês chamam de "roubalheira", eu chamo de "progresso". Não o frio progresso anglo-saxônico, mas o doce e lento progresso português que formou nossa tolerância, nossa ambivalência entre o público e o privado.
Eu sempre fui muito feliz... Sempre adorei os jantares nordestinos, cheios de moquecas e sarapatéis, sempre amei as cotoveladas cúmplices quando se liberam verbas, os cálidos abraços de famílias de máfias rurais... A senhora me pergunta por que eu a procurei?

Tudo bem; vou contar. Outro dia, um delegado que comprei me convidou para ver uma execução. Topei, por curiosidade; podia ser uma experiência interessante na minha trajetória existencial. Era um neguinho traficante que levaram para um terreno baldio, até meio pé de chinelo. Ele implorava quando lhe passaram o fio de náilon no pescoço e apertaram devagar até ele cair estrangulado, bem embaixo de uma placa de financiamento público. Na hora, até me excitei; mas quando cheguei em casa, com meus filhos vendo "High School Musical" na TV, fui tomado por este mal-estar que vocês chamam de "sentimento de culpa"...

Por isso, doutora, preciso que a senhora me cure logo... Tem muita verba pública aí, muita emenda no orçamento, empreiteiros me ligando sem parar... Tenho de continuar minha missão, doutora..."

O TERROR DA AMBIVALÊNCIA - Luiz Felipe Pondé

A janta e a normalidade do cotidiano sempre
valeram mais do que qualquer vida humana

Você esconderia judeus em sua casa durante a França ocupada pelos nazistas? Não, não precisa responder em voz alta.

Melhor assim, para não passarmos a vergonha de ouvirmos nossas mentiras quando na realidade a janta, o bom emprego e a normalidade do cotidiano sempre valeram mais do que qualquer vida humana. Passado o terror, todos viramos corajosos e éticos.

Anos atrás, enquanto eu esperava um trem na estação de Lille, na França, para voltar para Paris, onde morava na época --ainda bem que tinha minha família comigo porque Paris é uma cidade hostil--, li a resenha de um livro inesquecível na revista "Nouvel Observateur".

Nunca li esse livro, nem lembro seu nome, mas a resenha era promissora. Entrevistas com filhos e filhas de pessoas que esconderam judeus em casa durante a Segunda Guerra davam depoimentos de como se sentiram quando crianças diante dos atos de coragem de seus pais e suas mães.

A verdade é que essas crianças detestavam o ato de bravura de seus pais. Sentiam (com razão?) que não eram amados pelos pais, que preferiam pôr em risco a vida deles a protegê-los, recusando-se a obedecer a ordem: quem salvar judeus morre com eles.

Podemos "desculpar" as crianças dizendo que eram crianças. Nem tanto. Adolescentes também sentiam o mesmo abandono por parte dos pais corajosos. Cônjuges idem.

Está justificada a covardia em nome do amor familiar? Nem tanto, mas deve-se escolher um estranho em detrimento de um filho assustado?

Tampouco dizer que os covardes também seriam vítimas vale, porque o que caracteriza a coragem é exatamente não se deixar fazer de vítima --coisa hoje na moda, isto é, se fazer de vítima.

Não foi muito diferente aqui no Brasil durante a ditadura, guardando-se, claro, as diferenças de dimensão do massacre.

No entanto, não me interessa hoje essa questão da falsa ética quando o risco já passou --a moral de bravatas. Mas sim a ambivalência insuportável que uma situação como essa desvela, na sua forma mais aguda.

Ou meu pai me ama ou ama o judeu escondido em minha casa, ou, ele me ama, mas não consegue dormir com a ideia de que não salvou alguém que considerava vítima de uma injustiça, e por isso me põe em risco. Eis a razão mais comum dada por esses pais, quando indagados, da razão de pôr em risco sua vida e família: "Não conseguia fazer diferente". Mas a ambivalência da vida não se resume a casos agudos como esses.

Freud descreveu os sentimentos ambivalentes da criança para com o pai no complexo de Édipo: amo meu pai, mas quero também me livrar dele, e também sinto culpa por sentir vontade de me livrar dele.

Independente de crer ou não em Freud plenamente (sou bastante freudiano no modo de ver o mundo, e Freud foi o primeiro objeto de estudo sistemático em minha vida), a ambivalência aí descrita serve como matriz para o resto da vida.

Os pais amam os filhos (nem sempre), mas ao mesmo tempo ter filhos limita a vida num tanto de coisas (e hoje em dia muita mulher deixa para ser mãe aos 40 por conta deste medo, o que é péssimo porque a mulher biologicamente deve ser mãe antes dos 35). Apesar dos gastos intermináveis, no horizonte jaz o possível abandono na velhice por parte destes mesmos filhos "tão" amados.

Mas, ao mesmo tempo, não ter filhos pode ser uma chance enorme para você envelhecer como um adulto infantil que tem toda sua vida ao redor de suas pequenas misérias narcísicas.

Casamento é a melhor forma de deixar de querer transar com alguém devido ao esmagamento do desejo pela lista infinita de obrigações que assola homens e mulheres, dissolvendo a libido nos cálculos da previdência privada.

Mas, ao mesmo tempo, a liberdade deliciosa de transar com quem quiser (ficar solteiro), com o tempo, facilmente fará de você uma paquita velha ridícula sozinha que confunde pagar por sexo com um homem mais jovem com emancipação feminina. E, no caso do homem, o tiozão babão espreita a porta.

E, também, terá razão quem disser que mesmo casando você poderá vir a ser uma paquita velha ou um tiozão babão.

Quantas ambivalências espera você nessa semana?

VOCÊ ESTÁ "NERVOSINHO"? - Ruth de Aquino

Na construção de um Brasil mais justo, 
consciente e ético,
há críticos de todas as colorações
  
O ano de eleição e Copa começa com um aquecimento brutal dos ânimos e das temperaturas. O nervosismo nada tem a ver com ideologia, mas com o contínuo desrespeito à cidadania e aos direitos humanos. E com o assalto impune aos cofres públicos. Tem a ver com o deboche de sonsos poderosos que dão desculpa esfarrapada e nos tratam como otários. Erra quem insiste em rotular esse debate de um confronto entre direita e esquerda. Na construção de um Brasil mais justo, mais consciente e mais ético, há críticos de todas as colorações. À exceção do alvissareiro desemprego a apenas 4,6%, eis três motivos para ficar nervosinho na virada de ano.

1. O IOF sobre compras no exterior em cartão pré-pago. O governo meteu escandalosamente a mão no bolso do turista. Com essa conversa fiada de “equiparar imposto do cartão de débito ao de crédito” em compras no exterior, começa a “argentinização” de nosso consumo. É perigoso. Os argentinos fazem de tudo para driblar o cerco fiscal de Cristina Kirchner a seu direito sagrado de lazer e se livrar do dólar paralelo. Eles precisam comprovar renda e ter nas mãos o bilhete de viagem para comprar dólar oficial – e, mesmo assim, o governo limita. No Brasil, a alta do IOF de 0,38% para 6,38% nos cartões pré-pagos pune sobretudo a nova classe média. E provoca uma procura recorde por dinheiro vivo para viajar. Resultado: o dólar turismo chegou, no Rio, a R$ 2,52, na quinta-feira. E por que tudo isso? O ministro calminho Guido Mantega explica: “Os gastos com cartão de turistas brasileiros estavam muito elevados lá fora”. É de lascar. Antigamente, comprava-se pouco no exterior porque tudo era mais caro lá. Podíamos ser nacionalistas no consumo. Hoje, compra-se mais no exterior porque nossos preços estão absurdamente altos e com qualidade bem mais baixa. O ministro Mantega agora promete: “Não vamos estender o IOF para compra de moeda estrangeira”. Deixou todo mundo nervosinho com essa declaração. O mercado e os consumidores.

2. O Maranhão do clã Sarney. Sabemos que Roseana teve uma grande escola em casa. Mas criticar a divulgação do vídeo com a barbárie no presídio de Pedrinhas e dizer que a violência nas ruas de São Luís se deve ao aumento da população porque o “Estado está mais rico”... É demais. Será que a governadora acha que o índice de analfabetismo funcional no resto do país é o mesmo do Estado que ela governa, sempre na rabeira do IDH nos quesitos sociais? “O Maranhão está indo muito bem”, diz Roseana, seguindo fielmente as aulas do pai José Sarney. “Nosso sistema de saúde é muito bom para os presos.” Para os decapitados, os mutilados ou os que fazem suas necessidades uns sobre os outros? Roseana detesta que se fale em clã. “Não existe família. Eu sou a governadora. Quem manda aqui não é a família, sou eu.” Que se decrete então uma intervenção exemplar no Maranhão de Roseana. Não só nos presídios horrendos, mas nas escolas que condenam as novas gerações à inaptidão. Uma apuração rigorosa das contas de Roseana também seria útil, para saber onde toda essa riqueza do Maranhão foi investida. A governadora suspendeu, por enquanto, a licitação para as geladeiras oficiais. Seu cardápio incluía 80 quilos de lagosta fresca, 2 toneladas e meia de camarões frescos grandes com cabeça, 120 quilos de bacalhau do Porto, quase 1 tonelada de sorvete em oito sabores... E por aí vai. Roseana deixa os maranhenses nervosinhos.

3. O amadorismo do Brasil em planejamento, prazos, fiscalização e punição. Esse amadorismo leva cidadãos, contribuintes e eleitores a descrer do sistema e a imitar péssimos exemplos. Ser o país que mais atrasou uma Copa do Mundo... não ter chegado sequer à metade das obras nos estádios das cidades sedes... não ter conseguido melhorar a maioria dos aeroportos... o vexame deixa todo mundo nervosinho. Enfrentar falta de luz e de água num verão escaldante deixa o brasileiro nervosinho. Ver a Baía de Guanabara, as praias e as lagoas com manchas imensas de poluição e cheiro insuportável de esgoto, num Estado que investiu em saneamento apenas 16,8% dos recursos em 2013, deixa os cariocas nervosinhos. Ver em São Paulo a deterioração dos serviços públicos e a proliferação de acampamentos de sem-teto, como o Nova Palestina, na Zona Sul da capital, com 8 mil famílias e lista de espera, deixa os paulistanos nervosinhos. Ver um presidente do Senado pegar um jatinho da FAB para implantar cabelo... e depois achar que resolve tudo devolvendo parte do dinheiro, sem pedir desculpas e fingindo-se de desinformado, deixa o eleitor bem mais do que nervosinho. A descompostura e a impunidade de Renan Calheiros deixam o eleitor irado. Entra ano, sai ano, e o herdeiro político de Sarney não aprende. Ou é a gente que não aprende?

LEMBRANÇAS ANTIGAS, DISCUSSÕES NOVAS - Cora Rónai

Qualquer documento oficial no país é infinitamente
 mais complicado do que deveria ser

Em 1999, três rapazes americanos lançaram um serviço que foi, pelos três anos seguintes, uma das experiências mais lindas da internet. O Napster juntava, num só lugar, todos os usuários que gostavam de música. Ele servia como ponto de encontro universal; os arquivos, em MP3, continuavam nas máquinas dos usuários, que davam, uns aos outros, acesso às suas respectivas coleções. Graças a isso, descobri música do mundo inteiro, gêneros que não conhecia, cantores de que nunca tinha ouvido falar. A minha playlist se transformou numa Torre de Babel cantante, com faixas em urdu, telugu, malayalam, pashto, grego, khmer, yorubá, kechua e servo-croata. Havia até alguma coisa em inglês e francês. Em troca, ofereci muita música brasileira para os meus parceiros ao redor do mundo, muito Francisco Alves, muito Nelson Cavaquinho, muito Quinteto Armorial, e mesmo os que já tinham ouvido falar em MPB ficavam admirados, porque, na sua imaginação, os brasileiros passavam os dias na praia jogando futebol e ouvindo Bossa Nova, de preferência na voz do Sinatra.

Essa confraternização espetacular acabou três anos depois. Esse foi o tempo que a RIAA, a nefasta Recording Industry Association of America, levou para abater o Napster, num show de maldade, incompreensão e autodestruição poucas vezes igualado. Os processos movidos contra o Napster e usuários aleatoriamente pescados no sistema reuniram alguns dos melhores advogados dos Estados Unidos, e foram acompanhados, como se fossem novelas, por todos os jornalistas e observadores da área. Eu imprimia calhamaços de 200 páginas de argumentação legal que lia avidamente, roendo as unhas, angustiada com a má-fé de alguns argumentos, encantada com o bom senso de outros, maravilhada com a sabedoria de um ou outro (raro) juiz. Detalhe: apesar de inglês não ser a minha primeira língua, eu entendia absolutamente tudo o que estava em discussão, e o que eu não entendia — algumas expressões jurídicas, algumas referências à jurisprudência — encontrava imediatamente na rede.

A batalha do Napster me deu vontade de fazer Direito. A defesa brilhante de pontos de vista opostos me encantou num grau que eu jamais experimentara, porque todos os advogados eram muito bons — especialmente o time que se juntou em torno do Napster, e que entendia exatamente o que significava a falta de fronteiras nacionais oferecida pela internet e a sua importância para a cultura e a liberdade da Humanidade como um todo.

Em suma, era tudo muito bem pensado e, óbvio, muito bem escrito.

Era tudo muito, muito CLARO.

REALIDADE E PERCEPÇÃO - Martha Medeiros

Quando se diz que uma imagem vale mais do que mil palavras, logo pensamos em cenas e fotografias que não carecem de explicação: a força de sua mensagem dispensa legendas. Mas imagem não é apenas algo que se enxerga concretamente.

Quando vi a foto do caixão de Ronald Biggs coberto pela nossa bandeira, sabia que aquilo significava apenas uma homenagem do filho brasileiro que o ladrão inglês teve, mas, subliminarmente, a imagem também fazia uma associação indigesta entre o banditismo e as cores verde e amarelo. Essa imagem negativa que temos do nosso país não é gratuita. Por maior que seja a quantidade de brasileiros honestos, incluindo até alguns políticos, não adianta: o Brasil tem um histórico de corrupção e violência que induz a essa percepção.

Percepção é algo que se constrói dia após dia, fato após fato, e que uma vez consagrada, é difícil mudar. Mesmo que todos os trens da Inglaterra partam e cheguem com atraso nos próximos meses, será preciso anos para desfazer a imagem que aquele país tem de pontual. O contrário também acontece. Ronald Biggs, depois que fugiu para o Brasil, não roubava mais nem no troco, era apenas um aventureiro que se transformou em uma folclórica subcelebridade. O episódio do assalto ao trem pagador, cinco décadas antes, foi deixado de lado em prol da construção de uma imagem de anti-herói, e ele acabou sendo enterrado com cobertura da imprensa.

Poucas coisas são tão fortes quanto a imagem que a gente cria. E como todos gostam de saber com quem estão lidando para evitar surpresas, essa imagem vira referência e pode agir a nosso favor e também contra - preconceitos vêm daí.

Nem todo alemão é sisudo, nem todo baiano é preguiçoso, nem todo gaúcho é machista, mas essa é a “foto” que guardamos deles em nossos porta-retratos mentais. Estereótipos de grupo. Individualmente acontece a mesma coisa. A sua vida passa como se estivesse numa esteira de linha de produção, até que um dia você ganha um rótulo – que não veio do nada, você de certa forma colaborou para ser etiquetado como um fofoqueiro, um bebum, um mulherengo.

E também colaborou para ser reconhecido como um cara focado, um homem responsável, um sujeito que cumpre o que promete. Você pode mudar? Pode. Para melhor e para pior. A vida é longa. Angelina Jolie passou de bad girl a cidadã ativista e de família - adotou crianças, visitou países assolados pela fome, a nossos olhos virou outra pessoa.

Mas, para comuns mortais, é bem mais penoso reverter a própria imagem. A imprensa não cobre.

Rótulos, mesmo os bons, são limitadores. O ideal seria que pudessem esperar qualquer coisa de nós, já que somos mesmo capazes de surpreender. Mas o mundo se apega às certezas, não às dúvidas. Então, tenha em mente que tudo o que você faz (e principalmente o que você repete) ficará arquivado na memória daqueles com quem convive, e será um trabalhão desfazer essa imagem. Não que seja impossível, mas vai exigir mais do que mil palavras.

A PRAGA MODERNA - Lya Luft

"O que somos mesmo, neste período pós-moderno
de que algumas pessoas tanto se orgulham, é estressados"

Nossas pestes – que também as temos – podem ser menos tenebrosas do que as medievais, que nos faziam apodrecer em vida. Mas, mesmo mais higiênicas, destroem. E se multiplicam, na medida em que se multiplica o nosso stress. Ou melhor: o stress é uma das modernas pragas. Quanto mais naturebas estamos, mais longe da mãe natureza, que por sua vez reclama e esperneia: tsunamis, tempestades, derretimento de geleiras, clima destrambelhado. Ser natural passou a não ser natural. Ser natural está em grave crise.

O bom mesmo é ser virtual – mas isso é assunto para outra coluna, ou várias. Porque, se de um lado somos cada vez mais cibernéticos e virtuais, de outro cultivamos amores vampirescos, paixões por lobisomens, e somos fãs de simpáticos bruxos em revoadas de vassouras. Mudaram, os nossos ídolos. Não sei se para pior, mas certamente para bem interessantes. Pois nosso lado contraditório é que nos torna interessantes, em consultórios de psiquiatras, em textos de ficcionistas. Também na vida cotidiana aquela velhíssima voz do instinto, voz das nossas entranhas, deixou de funcionar. Ou funciona mal. Desafina, resmunga, rosna. A gente não escuta muita coisa quando, por acaso ou num esforço heroico, consegue parar, calar a boca, as aflições e a barulheira ao redor.

O que somos mesmo, neste período pós-moderno de que algumas pessoas tanto se orgulham, é estressados. Não tem doença em que algum médico ou psiquiatra não sentencie, depois de recitar os enigmáticos termos médicos: "E tem também o stress". Para alguns, ele é, aliás, a raiz de todos os males. Eu digo que é filho da nossa agitação obsessivo-compulsiva. Quanto mais compromissados, mais estressados: é inevitável, pois as duas coisas andam juntas, gêmeas siamesas da desgraça. Porque a gente trabalha demais, se cobra demais e nos cobram demais, porque a gente não tem hora, não tem tempo, não tem graça. Outro dia alguém me disse: "Dona, eu não tenho nem o tempo de uma risada". Aquilo ficou em mim, faquinha cravada no peito.

Um dos nossos mais detestáveis clichês é: "Não tenho tempo". O que antes era coisa de maridos e de pais mortos de cansaço e sem cabeça nem para lembrar data de aniversário dos filhos (ou da mãe deles), agora também é privilégio de mulher. De eficientes faxineiras a competentíssimas executivas, passamos de nervosas a estressadas, stress daqueles de fazer cair cabelo aos tufos.

Não sei se calvície feminina vai ser um dos preços dessa nossa entrada a todo o vapor no mercado de trabalho – pois ainda temos a casa, o marido, os filhos, a creche, o pediatra, o ortodontista, a aula de dança ou de judô dos meninos, de inglês ou de mandarim (que acho o máximo, "meu filhinho de 6 anos estuda mandarim") –, mas a verdade é que o stress nos domina. É nosso novo amante, novo rival da família e da curtição de todas as boas coisas da vida.

Que pena. Houve uma época em que a gente resolvia, meio às escondidas, dar uma descansadinha: 4 da tarde, a gente deitada no sofá por dez minutos, pernas pra cima... e eis que, no umbral da porta, mãos na cintura ou dedo em riste, lá apareciam nossa mãe, avós, tias, dizendo com olhos arregalados: "Como??? Quatro da tarde e você aí, de pernas pra cima, sem fazer nada?".



Era preciso alguma energia para espantar os tais fantasmas. Neste momento, porém, eles nem precisam agir: todos nós, homens e mulheres, botamos nos ombros cruzes de vários tamanhos, com prego ou sem prego, com ou sem coroa de espinhos. São tantos os monstros, deveres, trânsito, supermercado, dívidas e pressões, que – loucura das loucuras – começamos a esquecer nossos bebês no carro. Saímos para trabalhar e, quando voltamos, horas depois, lá está a tragédia das tragédias, o fim da nossa vida: a criança, vítima não do calor, dos vidros fechados, mas do nosso stress. Começo a ficar com medo, não do destino, eterno culpado, não da vida nem dos deuses, mas disso que, robotizados, estamos fazendo a nós mesmos.

ENTRE O CERTO E O ERRADO

As circunstâncias em que alguém é prejudicado 
mudam a forma como percebemos uma situação, 
indicando a maleabilidade de nossos princípios éticos

Pesquisas finalizadas este ano sugerem que manter o foco na causa de um evento costuma distorcer nossa compreensão dos fatos; enquanto saber detalhes sobre o dano causado à vítima podem mudar a maneira como a enxergamos, atribuindo-lhe sofrimentos e sentimentos que nem sempre existem.

Quando um fato trágico vira manchete, a primeira coisa que a maioria de nós procura saber é se o autor cometeu aquele ato “de propósito”. A novidade é a comprovação científica de que a intenção – que julgamos intuitivamente – faz toda diferença em nossa avaliação moral.

Em um estudo publicado em julho na Psychological Science, os psicólogos Daniel Ames e Susan Fiske, da Universidade Princeton, pediram a 80 voluntários que lessem uma vinheta sobre um diretor executivo que, como resultado de maus investimentos, provocou uma queda no salário dos funcionários. Os participantes que acreditavam que o erro havia sido cometido intencionalmente estimaram danos 39% maiores aos empregados do que aqueles que imaginavam tratar-se de um incidente.

Outro grupo de pesquisadores das universidades Harvard e da Pensilvânia investigou de que maneira a intenção de um ato afeta nossa percepção do caso de pessoas doentes. No estudo, publicado em junho na Psychological Science, voluntários leram sobre uma enfermeira que, em troca de dinheiro, desligou o fornecimento de alimentos de uma moça em estado vegetativo chamada Ann. Outros tiveram acesso a um texto semelhante sobre uma profissional que cuidou muito bem da paciente. Posteriormente, os pesquisadores perguntaram sobre as capacidades mentais de Ann: os participantes que leram a primeira história atribuíram a ela muito mais sofrimento e emotividade, em comparação aos que receberem o outro texto.

Os resultados ajudam a compreender como processamos questões morais complexas como o aborto ou eutanásia. “Não raro, temos intuições morais automáticas, mas só as expomos depois de algum fato emergir”, diz o psicólogo e coautor do estudo Adrian Ward, da Universidade do Colorado, em Boulder. “Mas é preciso ficarmos atentos, pois as nossas percepções nos enganam e muitas vezes, o raciocínio causal não passa de uma justificativa falaciosa de uma suposição.”
Melinda Wenner

SER OU NÃO SER DE NINGUÉM? EIS A QUESTÃO - Mônica Montone

Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, levanta os braços, sorri e dispara: "eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também". No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração "tribalista" se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo para reclamar de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição. A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu.

Beijar na boca é bom? Claro que é! Manter-se sem compromisso, viver rodeado de amigos em baladas animadíssimas é legal? Evidente que sim. Mas por que reclamam depois? Será que os grupos tribalistas se esqueceram da velha lição ensinada no colégio, de que "toda ação tem uma reação"? Agir como tribalista tem conseqüências, boas e ruins, como tudo na vida. Não dá, infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo - beijar de língua, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja é preciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra, etc, etc, etc.


Embora já saibam namorar, "os tribalistas" não namoram. Ficar também é coisa do passado. A palavra de ordem hoje é "ficar". A pessoa pode ter um, dois e até três ficantes ao mesmo tempo. Dificilmente está apaixonada por seus ficante, mas gosta da companhia do outro e de cultivar a ilusão de que não está sozinho. Nessa nova modalidade de relacionamento, ninguém pode se queixar de nada. Caso uma das partes se ausente durante uma semana, a outra deve fingir que nada aconteceu - afinal, não estão namorando. Aliás, quando foi que se estabeleceu que namoro é sinônimo de cobrança?


A nova geração prega liberdade, mas acaba tendo visões unilaterais. Assim como só deseja "a cereja do bolo tribal", enxerga apenas o lado negativo das relações mais sólidas. Desconhece a delícia de assistir um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipoca com chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado roçando os pés sob as cobertas e a troca de cumplicidade, carinho e amor. Namorar é algo que vai muito além das cobranças. É cuidar do outro e ser cuidado por ele, é telefonar só para dizer boa noite, ter uma boa companhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, ter alguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão para enxugar lágrimas, enfim, é ter alguém para amar.


Já dizia o poeta Carlos Drummond de Andrade que "amar se aprende amando" e se seguirmos seu raciocínio, esbarraremos na lição que nos foi transmitida nas décadas passadas: relação é sinônimo de desilusão. O número avassalador de divórcios nos últimos tempos, só veio confirmar essa tese e aqueles que se divorciaram (pais e mães dos adeptos do tribalismo) vendem (na maioria das vezes) a idéia de que casar é um péssimo negócio e que uma relação sólida é sinônimo de frustrações futuras. Talvez seja por isso que pronunciar a palavra "namoro" traga tanto medo e rejeição. No entanto, vivemos em uma época muito diferente daquela em que nossos pais viveram. Hoje podemos optar com maior liberdade e não somos mais obrigados a "comer sal junto até morrer". Não se trata de responsabilizar pais e mães, ou atribuir um significado latente aos acontecimentos vividos e assimilados na infância, pois somos responsáveis por nossas escolhas, assim como o que fazemos com as lições que nos chegam. A questão não é causal, mas quem sabe correlacional.


Podemos aprender amar se relacionando. Trocando experiências, afetos, conflitos e sensações. Não precisamos amar sob os conceitos que nos foram passados. Somos livres para optar. E ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento... É arriscar, pagar para ver e correr atrás da felicidade. É doar e receber, é estar disponível de alma, para que as surpresas da vida possam aparecer. É compartilhar momentos de alegria e buscar tirar proveito até mesmo das coisas ruins.


Ser de todo mundo, não ser de ninguém é o mesmo que não ter ninguém também... É não ser livre para trocar e crescer... É estar fadado ao fracasso emocional e à tão temida solidão.

OS FILHOS - Kahlil Gibran


Os Filhos
(Do Livro "O Profeta")

Uma mulher que carregava o filho nos braços disse: "Fala-nos dos filhos."
E ele falou:
Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
Pois suas almas moram na mansão do amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a sua força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
Ama também o arco que permanece estável. 

POR QUE PRECISAMOS DORMIR EM TOTAL ESCURIDÃO - Natasha Romanzoti

O quarto moderno é cheio de luzes e dispositivos eletrônicos, de monitores de computador a rádios-relógio, além, é claro, do quase onipresente smartphone vibrando e brilhando ao lado da cama. O que a ciência tem a nos dizer, no entanto, é que a exposição crônica à luz durante a noite leva a uma série de problemas de saúde.

Para entender por que a exposição crônica à luz durante a noite é tão ruim, é preciso considerar a evolução humana. Antes do fim da Idade da Pedra, os seres humanos só eram expostos a dois tipos diferentes de luz natural, responsáveis pela regulação do ritmo circadiano – durante o dia, tinha o sol, enquanto à noite, havia a lua e as estrelas, e talvez a luz de fogueiras. Esse padrão binário de dia/noite configurava toda a nossa programação biológica.
Hoje, temos iluminação artificial à noite (IAN). Essa iluminação interior é consideravelmente menos potente do que a luz solar, mas ainda muitas ordens de magnitude maior do que a luz das estrelas e do luar – uma diferença que influencia uma série de cascatas bioquímicas críticas ligadas a periodicidade de luz, incluindo a produção de cortisol e melatonina.

A melatonina, o sono e a saúde
Supressão de melatonina é chave para entender muito do porquê IAN faz mal para nós. Este bioquímico é produzido pela glândula pineal do cérebro durante a noite, quando está escuro, para regular o nosso ciclo de sono-vigília.
Ele reduz a pressão arterial, os níveis de glicose e a temperatura do corpo – respostas fisiológicas que são as principais responsáveis por um sono reparador.

A parte do cérebro que controla o relógio biológico é o núcleo supraquiasmático (SCN), um grupo de células no hipotálamo. Estas células respondem aos sinais claros e escuros. Os nervos ópticos em nossos olhos percebem a luz e transmitem um sinal para o SCN, dizendo ao cérebro que é hora de acordar.

Esses sinais também iniciam outros processos, como o aumento da temperatura corporal e a produção de hormônios como o cortisol (o do estresse). Os nossos níveis de cortisol são relativamente baixos durante a noite, permitindo-nos dormir, e mais elevados durante o dia, permitindo a estabilização dos níveis de energia e a modulação da função imunológica.

IAN eleva os níveis de cortisol à noite, o que perturba o sono e apresenta uma série de problemas relacionados com os níveis de gordura corporal, resistência à insulina e inflamação sistêmica. Também contribui para um sono ruim e uma interrupção da neuroregulação do apetite.

Quando os quartos ficam totalmente escuros à noite, nenhum sinal óptico é enviado para o SCN, de forma que os nossos corpos produzem a melatonina necessária. A exposição à luz ambiente durante as horas normais de sono suprime os níveis de melatonina em mais de 50%.

E, só para aumentar os problemas, muitos dispositivos modernos emitem luz azul de LEDs, que é especialmente eficaz na supressão de melatonina. Isto porque melanopsina – um fotopigmento encontrado em células especializadas da retina envolvidas na regulação dos ritmos circadianos – é mais sensível à luz azul.

Mais problemas do que você pensa
Recentemente, cientistas alertaram estudantes universitários sobre o impacto da luz de monitores de computador sobre os níveis de melatonina. Eles descobriram que a luz do computador à noite reduz os níveis de melatonina, atrapalhando o sono. Em um estudo relacionado sobre tablets, pesquisadores disseram que é importante reconhecer que o uso de dispositivos eletrônicos antes de dormir pode romper com o sono, mesmo que a melatonina não seja suprimida – a atividade pode deixar as pessoas alertas ou estímulos estressantes podem levar à interrupção do sono.

Essa perturbação bioquímica também cria efeitos físicos, como doenças. Cientistas não sabem direito por quê, mas estudos mostram consistentemente uma correlação entre IAN e câncer. Por exemplo, um estudo de 10 anos descobriu que um grupo de mais de 1.670 mulheres expostas a uma maior intensidade de luz em seu ambiente de dormir tinham chances 22% maiores de desenvolver câncer de mama. Os pesquisadores culparam o rompimento hormonal causado pela supressão de melatonina. Perturbadoramente, isso tem implicações sombrias para trabalhadores noturnos. Estudos têm mostrado que enfermeiras com turnos à noite estão em maior risco para câncer de mama.

A luz durante a noite não precisa sequer ser brilhante para causar problemas. A exposição crônica à luz fraca já é capaz de levar a sintomas de depressão. Hamsters, por exemplo, exibiram menos interesse em beber a água com açúcar que normalmente amam quando expostos à luz fraca à noite. Quando retornaram a uma programação normal, a depressão foi revertida.

Outro estudo, também com roedores, mostrou que a luz azul à noite, em particular, é especialmente poderosa em induzir depressão e ansiedade. IAN também pode prejudicar o humor e a aprendizagem, mais uma vez provavelmente por causa de neurônios expressando melanopsina.

A melatonina ainda tem propriedades antioxidantes, que desempenham um papel importante no antienvelhecimento.

Outros estudos ainda mostram uma ligação entre a supressão de melatonina e doença cardiovascular.

Como se não bastasse tudo isso, luz à noite também contribui para o ganho de peso, mudando o tempo da nossa ingestão de alimentos. Ratos, quando expostos a IAN, ganham mais peso – apesar de se exercitarem e comerem tanto quanto seus irmãos que dormem na escuridão.

Os cientistas também correlacionaram níveis baixos de melatonina à diabetes, embora não saibam o papel da IAN na doença.

A conclusão é bastante óbvia: precisamos manter nossos quartos os mais escuros possíveis à noite, e evitar luz azul antes de dormir. Para isso, temos que desligar todos os gadgets emissores de luz e fechar as cortinas. E, se possível, nos abster de usar computador, tablet ou smartphone nas horas que antecedem o sono. Eu sei, mais fácil falar do que fazer.

É POSSÍVEL EVITAR O ENVELHECIMENTO CAUSADO PELO SOL ?

Tratamentos variam de dermocosméticos à cirurgia plástica.

Dos últimos 100 anos pra cá muita coisa mudou. Cultura, negócios,estilo de vida e a saúde do homem também. No início do século passado a expectativa de vida das pessoas não passava dos 50 anos, hoje a terceira idade chega a patamares bem mais elevados atingindo 80 a 90 anos com certa facilidade.
A juventude tem sido cada vez mais valorizada.

O jovem é considerado o ideal do belo por muitos, o que vem aumentando os cuidados contra o fotoenvelhecimento, que é o envelhecimento da pele devido à exposição excessiva às radiações solares. De acordo com a dermatologista Juliana Gumieiro, os branquinhos sofrem muito mais com os raios.

“O fotoenvelhecimento se inicia com a exposição ao sol e é muito mais forte em pessoas de pele clara. A pele fotoenvelhecida apresenta rugas, além de alterações de textura e manchas. Essas regiões fotoenvelhecidas podem apresentar também lesões cancerígenas e pré-cancerígenas”, explica a médica.
Para evitar o fotoenvelhecimento é preciso se proteger contra os raios ultravioletas, seja de forma física (chapéu, óculos e camisa) seja química (protetores solares).

Alguns tratamentos dermatológicos também amenizam o processo. “Isso depende da necessidade do paciente. Podemos atingir o rejuvenescimeno com procedimentos como preenchedores e a toxina butolínica, com ácidos como os peelings químicos e laser evitando ou adiando a necessidade de uma cirurgia mais invasiva”, afirma Juliana.

Segundo a especialista, para evitar tratamentos mais agressivos o melhor é sempre usar o protetor solar. “Na prevenção do fotoenvelhecimento, o filtro solar utilizado em longo prazo, diminui o número de manchas, rugas leves e previne o aparecimento de queratoses e do câncer de pele”, recomenda.
Juliana Gumieiro – Dermatologista

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O ELIXIR DA JUVENTUDE - Manoel Carlos

Sempre considerei a viuvez um dos mais cruéis golpes do destino, mas ela pode agir também como um rejuvenescedor. Eu mesmo conheço uma história que ilustra essa afirmação.

Só consigo ver a viuvez como um drama.

Concordo, mas em alguns casos, passado um tempo, o drama dá lugar a uma nova e proveitosa vida. Quem me contestava era a Luciana, uma nova amiga que se juntou ao nosso grupo no Café Severino. Estávamos só nós dois na mesa de sempre, jogando conversa fora, aguardando a chegada da turminha para o primeiro encontro do novo ano.Tentei explicar o meu ponto de vista:

Um homem, ao ficar viúvo, perde a mais íntima de todas as suas relações pessoais: a esposa. E precisa compensar essa ausência recriando-se. Quer e precisa ser um novo homem.

E contei a história do Gustavo, um vizinho que tive em São Paulo, químico renomado, já aposentado, que viveu um casamento feliz por três décadas, só interrompido com a morte da mulher. Sem dúvida, foi um drama. Por cinco ou seis dias seus olhos permaneceram inchados, o olhar turvo, e seus 64 anos lhe deram a aparência de 70. Na missa de sétimo dia já estava mais magro. Suas duas filhas e seus dois netos se preocuparam.

A dor emagrece — palpitou a bela Luciana.

Na missa de um mês pude notar um pequeno brilho no fundo dos seus olhos, além do rosto bronzeado naquela tonalidade que só o sol de praia proporciona.

Estou reagindo — ele me garantiu.

Três meses passados, ele despediu a cozinheira, na família havia mais de vinte anos e até então zeladora das taxas de colesterol e glicose do patrão.

Ela já estava um pouco caduca — justificou ele.

E saiu do amplo apartamento para um flat com serviços.

É o ideal agora que vivo sozinho. Tem arrumadeira, faxineira e uma telefonista que recebe e anota os recados. Só vou precisar de uma secretária para ir ao banco, agendar compromissos, marcar minhas consultas médicas.

Gustavo pôs anúncio no jornal, pedindo boa aparência às candidatas. Contratou a Simone, uma atraente loirinha de 31 anos, que agendou para ele consultas a vários médicos.

Durante muitos anos relaxei com a saúde e com a aparência — suspirou ele.

Logo depois desse episódio, Gustavo assumiu Simone como uma secretária de cama, mesa e banho. Comprou uma poderosa Harley-Davidson e passou a cortar a cidade de ponta a ponta, vestindo jeans e casaco de couro. E sempre com Simone na garupa.

À moda de Marlon Brando — disse.

Todos que o conheciam se admiraram com o seu rejuvenescimento. Diante do meu comentário, atribuindo à viuvez esse renovado vigor, um outro vizinho declarou:

Que nada! É um químico emérito. Deve ter descoberto o elixir da juventude.

Tenho certeza — ele me disse um dia — de que a minha querida Eugênia, que Deus a tenha!, agiria da mesma maneira, fosse eu o falecido, fosse ela a viúva.

Agora, na véspera do Natal, fiquei sabendo que Simone está grávida e que Gustavo se prepara para ser pai outra vez. De um menino. Aos 70 anos.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

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