HÉLIO SCHWARTSMAN - Vida após a morte

Existe vida após a morte e ela influencia nossas ações de forma bastante profunda. Calma, espíritas, eu não me converti. Isso é só uma forma de descrever as ideias do filósofo Samuel Scheffler, que acaba de publicar "Death and the Afterlife", em que expõe provocantes experimentos mentais e tira conclusões que são em seguida comentadas por outros filósofos.

Num desses testes, você é informado de que viverá sua vida normalmente e morrerá de forma tranquila. Mas, 30 dias após seu passamento, um asteroide colidirá com a Terra destruindo todos os seus habitantes.

Acho que a maioria de nós concorda que esse é um cenário perturbador. Embora ele em nada altere a extensão de nossas vidas individuais, pode afetar decisivamente o modo como iremos vivê-las. Se você é um pesquisador de câncer ou um engenheiro que desenvolve técnicas para edificar usinas nucleares mais seguras, talvez desista desses projetos. O mesmo vale para romancistas e músicos tentando compor obras-primas e para ativistas políticos que buscam construir um futuro melhor.

O curioso é que essas pessoas dificilmente reagiriam da mesma forma se fossem só informadas do fim iminente de seus dias. A maioria dos que recebem diagnóstico de doença terminal não desiste de tudo. Mais, sabemos que a humanidade não é eterna e que em alguns milênios não haverá ninguém para contar ao vivo a história de nossa espécie. Isso, porém, não parece suficiente para nos roubar o sentido de propósito.

Para Scheffler, experimentos mentais como esse mostram que a existência de pessoas que ainda não nasceram e que jamais amaremos sob certos aspectos, notadamente no que diz respeito ao valor que atribuímos às coisas, significa mais para nós do que nossas próprias vidas. Segundo o autor, isso basta para relativizar pressuposições comuns sobre o egoísmo humano. É aí que o debate entre os filósofos fica interessante.

ROBERTO DaMATTA - Um mundo transparente

Li uma vez uma lenda na qual se contava o seguinte:

Um gênio descobriu o poder da comunicação pelo pensamento. No início, foi uma delícia poder falar sem sons - sem gemidos, lágrimas, sussurros e sorrisos. Como no cinema mudo, as pessoas exultavam com o fato de comunicar-se pelo cérebro. Bastava pensar numa pessoa e, pronto! - fazia-se o contato. Mas logo os homens, com sua habitual incongruência e, como disse Machado de Assis, sua sistemática ingratidão, ficaram infelizes. Pois descobriram o vazio do silêncio (que só existe quando há barulho) e viram como ele era não apenas grato, mas essencial. Se não era fácil viver num mundo ruidoso, no qual os sentimentos e as palavras de ordem superavam a compreensão, não era fácil viver num universo no qual a comunicação era radical, completa e transparente. Pois, com o pensamento, nada ficava oculto, nada permanecia escondido e os mal-entendidos que inventam os ódios e os amores; a fé que produz os milagres e os poemas; os primitivos "acho que você não me entendeu..."; os selvagens "mas essa não era minha intenção..."; os rústicos "eu sempre quis te dizer isso, mas teu marido estava por perto..."; e os contratos desapareceram.

O pensamento - invisível e inaudível, sinuoso, permanente, incontrolável e invasivo como uma enchente - tornava a compreensão entre os seres humanos um ato absoluto. E, justamente por isso, ele impedia tudo, principalmente os sentimentos. Os primeiros a serem liquidados foram atos fundamentais: o fingir, o disfarçar e o mentir. E, sem poder mentir, houve uma tal sinceridade que a individualidade, com suas escolhas e seus planos essencialmente secretos; as paixões, com suas fúrias, inibições e gozos; e as esperanças, com suas expectativas, desvaneceram-se. E assim muita gente se matou, especialmente no governo, nas igrejas e na universidade. Muitos isolaram-se em casas com paredes de chumbo que, descobriu-se, tornavam fracas as ondas mentais, diminuindo, mas infelizmente não impedindo, a telepatia e a tragicomédia de um entendimento total, completo e absoluto.

Em poucos anos, o drama que é justamente o que jaz eternamente entre o dito e o não dito; o que fica encerrado dentro de cada qual sem ruído ou palavra; ou o que se transforma em silêncio ou suspiro reprimido, tornou-se coisa do passado, e as pessoas ficaram muito amargas e tristes porque não havia mais a distinção entre o manifesto e o oculto, de modo que a comédia e o riso ficaram escassos. E, sem riso e comédia, sumiram igualmente as lágrimas e o choro, pois não havia mais o que se poderia exprimir além dos pensamentos. Ou melhor, sem as palavras e os seus sons, não havia mais a vontade de exprimir sentimentos, os quais dependiam exatamente das palavras, pois, como se sabe, nenhuma sentença verbal ou canto traduz uma amizade, um desejo, um perdão, uma bênção, um ódio ou uma esperança. Sem sons, o ato de dar, de receber e de retribuir palavras, músicas, brindes, beijos e presentes sumiu. As descontinuidades entre os sons foram suprimidas pelas continuidades dos pensamentos, o que fez com que a humanidade fosse atingida por um enorme silêncio, pois ninguém precisava produzir sons para implorar, dar, perdoar, perguntar, discutir, rir, protestar ou jogar conversa fora. Viviam todos num silêncio profundo lançando mensagens telepáticas uns aos outros e, quando souberam que seus ancestrais usavam da fala para a comunicação, ficaram intrigados e com inveja. Foram ouvir o mar e os ventos cujos sons lhes pareceram encantadores.

Como todas as portas humanas, a novidade da telepatia também trouxe seus problemas, pois o pensamento decorria de línguas naturais que eram variadas, mas que, com a evolução da comunicação pelo pensamento, perderam seus lastros, suas concretudes e suas diferenças. Agora ninguém podia dizer aquilo que só poderia ser dito em inglês, alemão, russo, português, tupi ou chinês. A universalização absoluta do telepático produziu uma perda irreparável nos modos de dizer porque o pensamento puro se fazia numa só língua: uma espécie de Esperanto que juntava todos os idiomas vivos e mortos, antigos e modernos, mas que não era língua nenhuma. Dizem que a partir da telepatia, a poesia, a literatura, a música e os mitos acabaram.

E os homens, como sempre, arrependeram-se e pediram de volta as suas línguas antigas que permitiam o milagre das compreensões sempre incompreendidas. Mas era tarde demais....

FRANCISCO DAUDT - Inflação e valores

Sabe o que é não ter noção se R$ 5 milhões por uma 
caixa de fósforos é caro ou barato? 
Já vivemos isso

Quando o AI-5 nos foi imposto, em 13 de dezembro de 1968, antes passou pelo endosso do primeiro escalão de Costa e Silva. Quando foi a vez de o vice-presidente Pedro Aleixo assiná-lo, ele se recusou.

-Por acaso o sr. teme que o presidente faça mal uso deste instrumento?

-De maneira nenhuma temo o presidente. Mas, quando o arbítrio e o autoritarismo se instalam nas altas esferas, eles descem em cascata até o guarda da esquina. A esse eu temo.

Estava estabelecida a "Lei de Pedro Aleixo", de grande utilidade para a compreensão da natureza humana: se os maiores impõem seu estilo autoritário, os idiotas o copiarão.

Que Madame tem estilo autoritário e comando destemperado, que não reconhece erros (ao ponto de achar que as manifestações nada têm a ver com ela), que ninguém tem coragem de discordar dela, que é cercada de sabujos e que há um monte de idiotas na ilha da fantasia a copiá-la estamos cansados de saber.

Meu ponto hoje não é esse. É algo muito mais grave. Como Madame acha que entende de economia --declarou que o ajuste fiscal e contas bem feitas, propostas daquele ministro da Fazenda que queria erguer uma estátua para o Malan, por ele ter saneado as contas públicas, eram propostas "rudimentares"-- e estava convencida de que "um pouquinho de inflação" ("levemente grávida") não fazia mal, a dita cuja está de volta.

Não vou mencionar que a "margem tolerada da meta" já furou o teto, "mas só a cabecinha", porque primeiro: ela é tolerada por quem? Segundo, porque quem gasta mais seu dinheiro em alimentação (os pobres) sabe no bolso que a inflação anunciada é muito menor que a real.

A razão de ser deste artigo é o fato que tenho idade bastante para me lembrar dos tempos de inflação de 80% ao mês, quase vivi num sonho de 20 anos com inflação civilizada e morro de medo do pesadelo que aqueles tempos foram.

Podia resumir o pesadelo da hiperinflação como sendo a perda da noção de valores. Deus nos poupe dos "salvadores da pátria", pois sempre aparece um, de tão horrível que é a situação. Hitler foi um deles. Outro papou nossa poupança.

Noção de valores. Sabe o que é não saber se R$ 5 milhões por uma caixa de fósforos é caro ou barato? Pois, jovem, acredite, já vivemos tempos assim. Eles tinham uns truques para enganar otário, como eliminar três zeros da moeda a cada seis meses e renomeá-la com a mesma rapidez. Carlos Chagas estampou a nota de dez dinheiros (sabe-se lá como a moeda se chamava). Sua família exultou. Porém, pouco durou aquela emoção. Mais seis meses e a nota era recolhida como obsoleta para o "novíssimo cruzadeiro novo" (houve tantos nomes...).

Mas, junto com a perda de noção de valores monetários, vinha a perda de autoestima, a perda de valores éticos, o estímulo à ganância, a facilitação da vigarice e da trapaça, já que ninguém sabe se e como está sendo roubado.

Madame, que teve seu tempo de lutar pelos proletários, agora vai deixar que eles sejam roubados pela inflação?

Você acha que temos muita corrupção? Espere para ver.

ZUENIR VENTURA - Uma forma de censura

Censura de natureza artística é constitucionalmente vedada sob qualquer disfarce. E a exigência de permissão prévia está criando um ‘balcão de negócios de valores vultosos’

Como não sou biógrafo e nem pretendo ser, não é em causa própria que defendo a liberdade de um escritor contar a história de uma personalidade pública — político, artista, jogador de futebol, cientista — sem autorização prévia dele ou de seus familiares quando ele não está mais aqui. É o que se faz nas grandes democracias. Só na nossa é que vigora a “biografia autorizada”, um artifício legal que confere ao biografado ou a seus herdeiros o poder de decidir o que deve ou não chegar ao leitor. Assim, no país que lutou tanto para abolir a censura do Estado, pratica-se nos livros a censura privada, já que, como diz o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Ayres Brito, liberdade de expressão é “antes de tudo liberdade de informação”, e a ela tem direito todo cidadão. Alega-se que é para resguardar a intimidade alheia. Tudo bem, mas essa dispensa de consentimento antecipado não concede ao autor imunidade, não o isenta de responsabilidade em casos de informações falsas ou ofensivas à honra. Não se trata de um liberou geral. O que se quer evitar é a proliferação da prática perniciosa de busca e apreensão, ou seja, o recolhimento compulsório de obras literárias para impedir o acesso de terceiros. Essa restrição caracteriza-se como censura, e censura de natureza artística é constitucionalmente vedada sob qualquer disfarce. Outro efeito nocivo é que a exigência de permissão prévia está criando um “balcão de negócios de valores vultosos”, conforme denúncia dos editores de livros, que há anos vêm se movimentando por meio de seu sindicato para derrubar o que consideram ser uma “ditadura da biografia chapa-branca”.

Eles estão lutando em duas frentes: uma no Congresso, onde tramita um projeto propondo a modificação do artigo 20 do Código Civil, que permite a apreensão de biografias não autorizadas. A outra, no STF, no qual ingressaram com uma ação direta de inconstitucionalidade do tal artigo, com o objetivo de acabar com a necessidade de autorização prévia. Afinal, a Constituição de 1988 garante, junto com a liberdade de imprensa e de expressão, o direito à informação. Com pedido de liminar, a ação foi distribuída à ministra Cármen Lúcia, abrindo uma perspectiva de luz no fim do túnel. Por sua sensatez, ela costuma ser chamada de “Carmen lúcida”.

NOVAS DROGAS , NOVOS RISCOS - Jairo Bouer

No último fim de semana uma adolescente de 15 anos morreu em Oxford, no Reino Unido, após ter consumido um comprimido que ela supunha ser ecstasy. No entanto, seus amigos afirmaram que se tratava de PMA (parametoxianfetamina), uma nova droga que tem sido recentemente associada à morte súbita de muitos jovens na Inglaterra.

O PMA é vendido na forma de uma pílula, em geral com um símbolo de coroa ou um "M", de cor rosa. Os efeitos são similares aos do ecstasy (mais energia, sensação de bem-estar, sensibilidade exacerbada aos estímulos externos, taquicardia, aumento de temperatura corporal), mas podem demorar até uma hora para aparecer, o que leva muitas pessoas a tomar uma dose extra, achando que a primeira não fez efeito, com risco muito maior de uma superdosagem.

O PMA é um potente liberador de serotonina (transmissor químico do sistema nervoso central, ligado a sensações de felicidade e bem-estar) e, também, a droga parece inibir as enzimas que degradam esse neurotransmissor, o que leva a uma duração ainda maior dos efeitos da substância.

Esse aumento de serotonina pode causar uma hipertermia (temperatura muito elevada), ainda mais grave se a pessoa usar uma dose muito alta ou misturar drogas diferentes. A hipertermia pode causar falência de órgãos e trazer risco de infarto.

A droga apareceu nos Estados Unidos, nos anos 1970, reapareceu na Austrália na década de 1990 e voltou à Europa, principalmente ao Reino Unido, recentemente. Não se sabe exatamente como nem de onde veio.

No fim de junho, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) divulgou relatório em que já alertava sobre um aumento importante (de quase 50%) das novas substâncias psicoativas (NSP) no mundo, nos últimos dois anos e meio, principalmente na Europa. Segundo o UNODC, o número dessas drogas sintéticas pulou de 166, em 2009, para 251 em 2012, mais do que o número das drogas tradicionais, que já estão sob controle internacional. Na Europa, 75% do consumo está em poucos países, como Reino Unido, França e Alemanha. Em função do aumento das NSPs, o consumo das drogas tradicionais (maconha e cocaína, por exemplo) caiu na Europa e nos EUA.

No Brasil, o relatório do UNODC não detectou um aumento nas NSPs, mas, sim, de cocaína (crack incluído). Mas as NSPs também estão presentes no País, e as apreensões têm detectado diferentes drogas, muitas delas trazidas da Europa, na mala de jovens de classe média, com a presença de diversos contaminantes (substâncias não previstas nem quantificadas), que aumentam os riscos.

Os jovens parecem ter dificuldade em enxergar que esses comprimidos (vendidos com apelidos singelos como "doces" ou "balas") são drogas com riscos potencias à saúde. Muitos são até prescritos como drogas lícitas (calmantes, anestésicos, etc) mas, tomados fora de indicação habitual - ou misturados com álcool -, trazem sensações distintas e efeitos colaterais incomuns nas dosagens habituais.

No momento em que muitos especialistas discutem a falência da política de combate às drogas nas últimas décadas como tentativa de diminuir o tráfico e o consumo das substâncias ilícitas, muita gente no Reino Unido acredita que, se houvesse um controle oficial da qualidade das NSPs, com regulamentação de sua venda, o número de mortes e acidentes com os jovens poderia diminuir.

O jornal inglês The Independent, na semana passada, revelou em um artigo sobre a morte da jovem de Oxford, um site (pillreports.com), desenvolvido não por um especialista - nem por nenhum governo -, mas por um leigo, técnico de teatro na Austrália, que tem se tornado uma espécie de rede de informação global, que tenta identificar pílulas e trazer os potenciais riscos que essas substâncias podem trazer aos usuários. Na Holanda, onde usuários podem levar drogas aos centros de testagem do governo para saber exatamente do que se trata, nenhuma morte por PMA ou outras NSPs foi notificada.

ARTUR XEXÉO - Números milionários

Se alguém ainda duvidava de que este tem sido um ano de ouro para o cinema brasileiro, os números do último fim de semana rebatem qualquer argumento. Avaliando-se só os filmes em cartaz, o clima é de festa. Em sua oitava semana nos cinemas, "Faroeste caboclo" alcançou a mítica marca de 1,5 milhão de espectadores. Enquanto isso, “Minha mãe é uma peça”, o grande sucesso da atual temporada, ultrapassou o número de 3,5 milhões de espectadores. Para complementar, “O concurso”, em sua estreia, ficou em terceiro lugar entre as bilheterias do fim de semana com respeitáveis 300 mil espectadores, mas com uma média de 830 espectadores por sala, superior à dos filmes que ficaram na sua frente entre os Dez Mais, “Meu malvado favorito 2” (800) e “Homem de Aço” (542).

Num ano que já forneceu ótimos números para “Somos tão jovens” (1,7 milhão) e “Vai que dá certo” (2,7 milhões), além do desempenho de arrasa-quarteirão de “De pernas pro ar 2”, com inacreditáveis 4,8 milhões de espectadores, a marca de um milhão de espectadores já não é tão rara quanto foi no ano passado. O mais entusiasmante é que, para o resto do segundo semestre, há estreias programadas que têm força para repetir as ótimas marcas da primeira metade do ano. Vêm aí “Se puder... dirija!", com Leandro Hassum e Barbara Paz, ”Casa da Mãe Joana 2“, com Hugo Carvana e Juliana Paes, ”Mato sem cachorro“, com Danilo Gentile e Leandra Leal, "Meu passado me condena”, com Fabio Porchat, e “Crô”, com Marcelo Serrado. Todos têm potencial de atrair milhões de espectadores e transformar 2013 num ano único para a produção nacional.

Já se pode dizer que o cinema brasileiro reencontrou o caminho do público. Falta reencontrar o caminho dos filmes de qualidade com maior pretensão artística que garantam o bom nome do país em festivais internacionais e diante da crítica.

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Sobre a viagem do ministro Marco Antonio Raupp à Argentina num jatinho da FAB, criticada aqui na semana passada, recebi e-mail de José Roberto Ferreira, assessor de imprensa da autoridade: "O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Marco Antonio Raupp, viajou à Argentina para cumprir a missão oficial de representar o governo brasileiro na abertura da Tecnópolis, maior mostra de ciência e tecnologia da América Latina. A fim de tornar a viagem mais produtiva, aproveitou para se encontrar com autoridades da área de ciência, tecnologia e inovação daquele país e realizar visitas técnicas a instituições parceiras de pesquisa e desenvolvimento tecnológico localizadas em Bariloche. A abertura da Tecnópolis foi feita pela presidente Cristina Kirchner e pelo ministro Marco Antonio Raupp, na sexta-feira, 12 de julho. Neste ano, o Brasil é o convidado especial do evento, o que o coloca em posição de destaque na mostra. (...) Na comitiva do ministro Raupp não havia nenhum segurança. Assessores, havia dois: um de assuntos internacionais e um de imprensa. 

Os demais participantes da comitiva eram dirigentes de órgãos do MCTI relacionados aos temas tratados na viagem a Buenos Aires e Bariloche: o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Coelho; o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Leonel Perondi; o diretor do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Mariano Laplane; e o coordenador técnico do projeto Reator Multipropósito Brasileiro, José Augusto Perrota. Havia também uma repórter da Assessoria de Comunicação do MCTI. (...) Na quinta-feira, 11 de julho, o ministro Raupp e dirigentes dos órgãos do MCTI se reuniram com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva da Argentina, Lino Barañao, para discutir assuntos relacionados à cooperação bilateral. 

Os principais assuntos foram o Reator Multipropósito Brasileiro (equipamento voltado para a pesquisa na área nuclear, formação de recursos humanos e produção de radioisótopos, que são a base para os radiofármacos e para produção de fontes radioativas usadas em aplicações na indústria e na agricultura) e a missão Sabia-Mar (sistema de observação da Terra dedicado ao sensoriamento remoto de sistemas aquáticos oceânicos e costeiros baseado em uma constelação de dois satélites e uma infraestrutura operacional, logística e de solo). (...) Na manhã da sexta-feira, dia 12, o ministro Raupp esteve na cidade de San Carlos de Bariloche, onde visitou a empresa Invap, seu recém-construído Centro de Ensaios de Alta Tecnologia
(Ceatsa) e o Centro Atômico de Bariloche (CAB). (...)"

Viagem esclarecida, fica uma constatação: este mundo da alta tecnologia tem excesso de siglas.

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O Teatro Municipal anunciou na semana passada sua programação para a temporada de 2014. Serão sete óperas, quatro espetáculos de balé e sete concertos com sua orquestra sinfônica. Para os que se surpreenderem com agenda tão antecipada, deve-se acrescentar que o Teatro Municipal em questão é o de São Paulo, é claro.

O ÓDIO COMO POLÍTICA - José Roberto de Toledo

Nem prós nem contras. Quem mais perde com a prorrogação do julgamento do mensalão são os "muito pelo contrário". A extensão da disputa moral até 2014 reanima a desgastada polarização PT x PSDB no ano da eleição presidencial. Os candidatos que pretendem mudar a agenda e discutir política ou outra coisa, como Marina Silva e Eduardo Campos, têm mais dificuldade de aparecer.

Marina está no meio do julgamento para registrar seu partido - com boa chance de perder. Campos fez um gesto raro, ao abrir mão de cargos e verbas para disputar o poder maior. Ambos tiveram menos destaque na semana passada do que o playboy que tirou o pé da cova do anonimato ao ameaçar enterrar seu carro predileto.

A disputa política continua rodando em falso, cada lado repetindo as mesmas acusações de sempre. A única diferença é a quantidade crescente de bile a espumar nas timelines.

"A corrupção tem hegemonia no debate político. Um acusa o outro de desonesto e isso dinamita as pontes. O clima de ódio prevalece", diz o filósofo Renato Janine Ribeiro. Se o adversário é ladrão, não é preciso discutir. Basta prendê-lo.

O que era uma sensação difusa se materializa nas redes sociais. Seja o Mais Médicos, seja o voto do ministro Celso de Mello no julgamento dos embargos infringentes pelo Supremo Tribunal Federal: qualquer assunto de interesse político vira um Fla-Flu no Twitter e no Facebook. Não há pontos de convergência, nem campo comum para o debate.

Mapas relacionais elaborados pelo Labic.net (Universidade Federal do Espírito Santo), a pedido do Estadão Dados, mostram uma "guetização" dos contendores. Eles tendem a se isolar em redes próprias, que se autoalimentam e reforçam as próprias convicções. São raras as trocas de mensagem entre os polos.

"A polarização aniquila o debate político. Ninguém muda mais de ideia. As pessoas estão blindadas nas suas convicções." A constatação é do titular de Ética e Filosofia Política da principal universidade brasileira, a USP. Mas Janine Ribeiro não é o único acadêmico preocupado com o ódio na política.

O cientista social Marco Antonio Carvalho Teixeira é professor do departamento de Gestão Pública da FGV-SP. Ele pesquisa democracia, participação social e governo. Na sua opinião, o moralismo afasta as pessoas, ao mesmo tempo que "acirra paixões selvagens". Para ele, a polarização provém de como o debate está posto: "É plebiscitário, contra ou a favor, sem ponderar".

A despolarização é possível?

Teixeira acredita que sim, desde que se troque a exclusividade das acusações pelo debate de propostas. "Marina poderia ser o ponto de equilíbrio, mas depende do contexto de sua candidatura." Esse contexto será muito diferente do planejado pela presidenciável se ela não conseguir o registro da Rede.

Sem um partido para chamar de seu, Marina voltaria a ser refém dos burocratas partidários - o que a levou a renunciar às filiações ao PT e, mais recentemente, ao PV. Sem a Rede, seu discurso eleitoral pala renovação pode cair no vazio.

Em tese, a Rede poderia atrair os desiludidos com a política e despolarizar o debate, afirma Janine Ribeiro. Afinal, compartilham a mesma fala e ideia sobre organização social. "Marina e Eduardo Campos estão disputando o legado do PSDB, que me parece sem projeto. Eles poderiam distender o processo", diz.

Na opinião de Janine, quem não gosta de política não está polarizado. "A esperança pode estar neles", completa. O filósofo está descrente, porém, do sucesso da Rede. Faltam não apenas assinaturas de filiados, mas, na sua avaliação, propostas.

Fica no ar a previsão de Marco Antonio Teixeira: "Quanto mais o mensalão estiver perto da eleição, mais moralista vai ser o tom da campanha". E mais o ódio ocupará o lugar da política.

ETERNO - Ruy Castro

 
No começo dos anos 60, as prateleiras dos fundos da Livraria Civilização Brasileira, na rua Sete de Setembro, eram uma festa de Livres de Poche --os livros de bolso franceses, de Molière a Ionesco, de Maupassant a Camus, que eu sonhava ler quando dominasse o parlevu. 

Tudo neles abria o apetite para a leitura: o formato, as capas, os refiles tingidos e, claro, o miolo.

O Livre de Poche, lançado em 1953 pela Hachette, de Henri Filipacchi, está fazendo 60 anos, e descubro com surpresa que, ao surgir, foi mal recebido pelos críticos e livreiros de Paris. 

Era vistoso demais para os habituados à austeridade dos livros da Gallimard --estes, sim, "sérios", com suas capas tipográficas, sem figuras e, no máximo, um fio vermelho cercando o nome do autor e da editora e o título. E olhe que as capas do Livre de Poche tinham uma origem nobilérrima: era comum estamparem um detalhe de um quadro clássico ou moderno.

Mas não adiantava. Para piorar, os Livres de Poche traziam o pecado original: eram... de bolso. Livros de bolso eram coisa de americano, próprios para science fiction ou policiais vagabundos, não para Flaubert ou Malraux. Lembravam os livrecos populares europeus do século 19, vendidos nas feiras, como os nossos cordéis.

Pois aconteceu que os escritores franceses adoraram se ver publicados pelo Livre de Poche e se saber lidos em aviões, trens, metrôs, salas de espera e até na rua, em edições de grande tiragem e em livros quase indestrutíveis, resistentes a manuseio e transporte.

Eu próprio conservo os que comprei na Civilização e tenho também vários dos anos 50, achados em sebos, todos com a cola e as costuras intactas.

Há algo de especial em folhear livros que vêm de décadas ou séculos. O quê, não sei. Mas pode ter a ver com a finitude do homem e a eternidade do livro.

RUTH DE AQUINO - Um "recall" para políticos com defeito

  Faz tempo que nós, eleitores céticos ou idealistas, somos apontados como vilões das podridões morais dos políticos brasileiros. O povo não sabe votar. "Povo" no sentido de "população", o coletivo de todas as classes sociais. É isso mesmo?

Somos ignorantes... ou a Justiça é lenta, o
corporativismo e a impunidade ajudam a alimentar o Partido dos Picaretas e Corruptos (PPC) no Congresso e na Presidência? O PPC é uma coalizão transpartidária cujo credo é o ditado popular "a ocasião faz o ladrão". Você certamente já votou num candidato do PPC.

Somos coadjuvantes desse teatro, bobos da corte mascarada. Os protestos contra a corrupção murcharam como um suflê, rapidamente. A violência dos Black Blocs afastou a classe média e as famílias das ruas. E assim continuamos a eleger representantes que não honram sua gravata Armani - muito menos as promessas de defender o interesse público. Se somos obrigados a votar, deveríamos ter um direito garantido pela Constituição: punir quem não tem estofo para exercer o cargo. Deveríamos poder processar quem rouba do povo e se refestela em mordomias absurdas num país com tantas carências básicas.

A saída pode ser, numa reforma política, instituir o "recall" do eleito. Ou seja, o político perde o mandato por meio de uma consulta aos que o elegeram. Depois, pode até ser processado por danos causados à comunidade.

Utopia? Essa sugestão me foi enviada por um leitor, quando escrevi a coluna "Como processar quem não nos representa". Bernardo Scheinkman, de 65 anos, é arquiteto e urbanista nascido em Curitiba, divorciado, três filhos. A sugestão de Bernardo parecerá perigosa a todos os que rejeitam a mera menção de uma democracia direta. Seria prenúncio de golpe, caça às bruxas, ameaça às instituições e aos partidos políticos.

O "recall" tem um advogado de peso: o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa. Ele defendeu o "recall" de eleitos em junho, no auge das manifestações, diante da "grave crise de representação política" no país. Seria um mecanismo para o eleitor fiscalizar os atos dos eleitos... já que os congressistas só fingem fiscalizar alguma coisa, mesmo assim sob pressão.

Basta lembrar que Renan Calheiros (PMDB) é o presidente do Senado; Henrique Alves (PMDB), da Câmara; Marco Feliciano (PSC) preside uma Comissão de Direitos Humanos e Minorias; o deputado presidiário Natan Donadon mantém o mandato; e Janira Rocha (PSOL) leva grana de seus próprios correligionários - em nome da causa ou da consequência? Um monte de raposas que dizem lutar por "uma nova sociedade".

"O recall tem o efeito muito claro de criar uma identificação entre o eleito e o eleitorado, impor ao eleito responsabilidade (...), especialmente nos órgãos legislativos", afirmou Joaquim Barbosa. Ele disse à presidente Dilma Rousseff que acha necessário "introduzir pitadas de vontade popular" na vida política do país. "Temos sim de trazer o povo para a discussão. O que se espera dos poderes públicos são soluções, não discussões estéreis sobre questões puramente doutrinárias."

Para Joaquim, o povo está cansado dos "conchavos de elites". Elites partidárias, sindicais, políticas, que eternizam a si mesmas. Por que o mandato no Legislativo pode ser renovado ad aeternum? Por que a aposentadoria é vitalícia, integral e cumulativa? Por que todos (incluindo dependentes) têm direito a plano de saúde até morrer? Vergonha alheia.

Falta agilidade a todos os Poderes, e Joaquim Barbosa sabe que o Judiciário é um dos mais lentos. Na pele de presidente do Conselho Nacional de Justiça, ele cobra o julgamento, até o fim deste ano, dos 121.850 processos de improbidade administrativa e crimes contra a administração iniciados até 2011.

Nem precisamos abrir esse baú bolorento dos tribunais. É só olhar o caso recente de Donadon. Pois bem. As acusações de desvio de verba pública e formação de quadrilha contra ele datam de 1995 e 1998. Os crimes só foram julgados pelo STF em 2010. E aí começou a lenga-lenga dos embargos, até sua condenação e prisão inéditas, recentemente. Donadon reclamou da xepa da prisão e se ajoelhou lacrimejante na Câmara, grato aos colegas que mantiveram seu mandato.

Câmara e Senado brincam de morde e assopra. Depois do vexame do danadinho, a Câmara se faz de paladina da moralidade e aprova por unanimidade o voto aberto em todas as questões. Os senadores querem manter o voto secreto, abrindo apenas para cassação de mandatos. Querem o voto aberto fatiado, igual a picanha. Congressistas rebaixam tanto sua função que vários deveriam ser recolhidos por defeito de fabricação ou extinção de prazo de validade. Como carros, iogurtes ou enlatados. "Recall" neles.

TONY BELLOTO - Um dia ideal para os peixes-banana

Como contestar e questionar um sistema e 
ao mesmo tempo fazer parte dele?
É uma equação difícil, que nem todos conseguem solucionar

Acordo na segunda-feira com alguém me dizendo “O Champignon morreu”. Corro para a internet e descubro que o Champignon, Luiz Carlos Leão Duarte Júnior, grande baixista e figura querida no rock brasileiro, se suicidara naquela madrugada com um tiro na cabeça. A notícia me surpreende e entristece. É triste saber que um cara jovem, ativo e excepcionalmente talentoso, cuja mulher estava grávida de cinco meses, tenha morrido. Surpreende que o motivo dessa morte seja o suicídio. Por quê?, me pergunto.

Só o amor constrói pontes indestrutíveis

Eu não conhecia o Champignon intimamente. Como colegas de profissão, nos esbarrávamos esporadicamente em festivais, aeroportos, estúdios, saguões de hotel, bastidores de programas de televisão, palcos e camarins. Champignon era um sujeito simpático e boa-praça, que exalava alegria de viver. O tipo do cara que você nunca diria que se suicidaria. Há pouco tempo, Chorão, companheiro de Champignon no Charlie Brown Júnior, morreu de overdose. O Charlie Brown sempre foi um grupo muito positivo em suas letras, como a que diz que só o amor constrói pontes indestrutíveis. Entretanto, por trás de toda a positividade e urgência de viver preconizadas pela banda, rolavam também angústia, dúvida e depressão, como comprovam as mortes recentes de seus mais célebres integrantes.

‘Livin’ la vida loca’

A morte do Champignon me remete à morte de Kurt Cobain. Ainda que o cantor, guitarrista e compositor norte-americano fosse aparentemente mais depressivo que seu colega brasileiro, é sempre surpreendente que um roqueiro bem-sucedido se suicide. Estrelas de rock parecem habitar o topo do mundo e realizam o sonho de milhares de garotos pelo planeta, que é o de ficar famoso e conseguir sobreviver de sua música, desfrutando do estilo de vida do rock. O problema é justamente esse estilo de vida. Embora pareça bastante glamouroso, ele às vezes cobra um preço alto. Conviver com esse paradoxo é insuportável para algumas pessoas. Como contestar e questionar um sistema e ao mesmo tempo fazer parte dele? É uma equação difícil, que nem todos conseguem solucionar. Leio que Champignon enfrentava também alguns problemas financeiros. Bem, não preciso ir além do espelho para encontrar gente que vive a pressão da “vida loca” e tem problemas financeiros. Nada disso explica por que o Champignon se suicidou.

O mito de Sísifo

O escritor francês Albert Camus escreveu que “o suicídio é a grande questão filosófica de nosso tempo, decidir se a vida merece ou não ser vivida é responder a uma pergunta fundamental da filosofia”. Analisando o mito grego de Sísifo — aquele que ousou desafiar os deuses e foi condenado a carregar eternamente uma pedra morro acima para depois que ela escorregasse morro abaixo conduzi-la novamente ao topo —, Camus compara a situação do homem diante do absurdo da existência ao personagem grego condenado ao castigo eterno. O escritor pergunta-se se a realização do absurdo da vida exige o suicídio. Não, ele conclui. Exige revolta.

Tabu

Humberto Corrêa, presidente da Comissão de Estudos e Prevenção ao Suicídio da Associação Brasileira de Psiquiatria, afirma em artigo publicado na terça-feira na “Folha de S.Paulo”, que “o suicídio é um tabu social, mas também um problema de saúde pública”. Ele diz que algo em torno de 9.000 óbitos decorrentes de suicídios acontecem anualmente no Brasil, mas que ainda assim o suicídio é um assunto proibido e não existem campanhas de saúde pública para tratar o tema. “Sabemos hoje que praticamente 100% dos suicidas têm um transtorno psiquiátrico que muitas vezes não fora, entretanto, diagnosticado ou corretamente tratado”.

Todas as religiões condenam a prática, e algumas negam aos suicidas as honras fúnebres. Embora a maioria dos Estados não criminalize mais o suicídio, já houve época em que a prática era punida em alguns lugares até com a pena de morte. Dá para imaginar um paradoxo mais absurdo?

Um dia ideal para os peixes-banana

No conto “Um dia ideal para os peixes-banana”, J. D. Salinger faz talvez a mais contundente descrição de um suicídio de toda a literatura. E a contundência de sua descrição se caracteriza justamente pela quase banalidade com que é construída. Talvez não exista mesmo nenhuma explicação para o suicídio do Champignon. Talvez os suicídios aconteçam em dias comuns, como hoje, um dia ideal para os peixes-banana, nos deixando a todos com o travo da estupefação na boca.

CAETANO VELOSO - Interessante

O espaço para comments na internet é, em geral, 
um paraíso para os que têm parafusos a menos

Gostaria de ter tido tempo para refletir antes de escrever. Mas aconteceu o contrário. Trabalhos dobrados se sobrepõem à montanha de assuntos de que eu queria poder tratar aqui hoje. Então vai tudo sem reflexão mesmo (não que isso seja uma novidade nesta notoriamente caótica coluna). Claro que vi um bom número de tweets ofensivos à minha pessoa por causa da foto com máscara tipo Black Bloc. E posts longos de blogueiros variados. Não vou evitar comentar: resumo dizendo que tudo parece maluquice pura. E lembrando que Paulo Francis dizia que quem escreve cartas para a redação é doido: o espaço para comments na internet é, em geral, um paraíso para os que têm parafusos a menos. Mas coisas mais interessantes do que eu mesmo se impõem. Um comentário de acompanhante de famoso blog direitista (o do Reinaldo Azevedo, que, não sei por que, se alegra em fazer sucesso com aquele tipo de plateia) protesta contra a manobra “esquerdista” da TV Globo ao pôr no ar, no “Fantástico”, reportagem sobre a espionagem americana no Brasil. Para ele, a TV Globo é um veículo da conspiração comunista internacional. O que, para nós brasileiros, soa mais estapafúrdio do que as reiteradas afirmações de Olavo de Carvalho sobre o “New York Times”, que ele retrata como uma espécie de braço do movimento comunista. A Globo, que os blogs de esquerda — e muitos manifestantes de rua — chamam de líder da mídia golpista, da trama que o venerável Mino Carta, dono da “Veja” do Lula, denuncia semanalmente. (O fato é que compro sempre uma “Veja” e uma “Carta Capital” para ler no avião — além da “The Economist” — quando tenho de cantar “Abraçaço” em distantes cidades brasileiras ou não brasileiras: preciso saber o que dizem os chamados dois lados para poder me manter centrista aqui.)

Porém, mais do que essas loucuras propriamente brasileiras, me impressionou um documentário russo que vi na internet, prefaciado por um nosso compatriota que se diz comunista. Para um velho como eu, parecia um pesadelo que se passasse na Guerra Fria. É tudo tão louco que não sei se o link para tal vídeo me foi enviado por alguém que foi comigo e Sidney Waismann falar com Beltrame ou se foi sugerido por outro comentarista do Azevedo (perdi muitos e-mails dos diálogos com a turma boa que foi à Central — e procurar no blog da “Veja” o comment em que talvez estivesse a sugestão me tomaria horas que não tenho). Mas dei busca no YouTube e achei: trata-se do site chamado “comunista” (www.comunista@spruz.com), e o documentário é da TV russa. Soldados do exército regular da Síria aparecem dançando passos folclóricos da região, empurrando crianças em balanços sob árvores, namorando à beira de riachos límpidos. Depoimentos de cidadãos civis sírios dão conta de que o país era, até a entrada dos rebeldes, um exemplo de paz e tolerância, sem nenhum traço de tensão entre grupos religiosos, um ambiente de doce camaradagem. Os rebeldes, segundo a versão da TV russa, não têm nada que se pareça com a Primavera Árabe, nem mesmo com a Síria, sendo todos mercenários a soldo do Qatar e dos EUA. O prefaciador brasileiro diz que essa é uma visão mais realista da guerra civil síria, que a imprensa ocidental só diz que os rebeldes lutam pela democracia. Bem, eu leio muita coisa da imprensa ocidental e, da “Economist” à “Carta de Mino”, passando pelo “Globo” e a “Folha”, nunca fiquei com a imagem de que os levantes sírios — por mais simpáticos que parecessem logo ao eclodirem — fossem harmônicos e tivessem a democracia como motivação única (ou mesmo principal) e como meta indisputável. Mas o crítico da imprensa ocidental que fala no vídeo não se peja de reafirmar o que diz o documentário pós-soviético: que os rebeldes sírios são homogeneamente maus e motivados apenas pelo dinheiro que recebem de fora.

É incrível que um documentário tão demagógico em seu tom quanto os filmes de propaganda do período stalinista seja anunciado como revelador da verdade que a imprensa “livre” oculta.

Hoje (sexta) acordei para as notícias de que Putin propõe que Assad entregue as armas aquímicas (ué, mas não disseram que não havia e que tudo era invenção dos americanos, como no caso do Iraque?) e que o supermandante sírio responde com o pedido de prazo de um mês, o que o governo americano não aceita.

Enquanto isso, 5x5 no STF, sentimentos cruzados no petismo e no antipetismo. Se houver ainda manifestações, ou seja, se nós da classe média (que, ao contrário de Marilena, eu respeito e amo) não desistirmos de gritar por medo dos BBs de Cora, o que será dito sobre Barroso e Barbosa? Não resta dúvida de que vivemos um tempo preocupantemente interessante. Talvez demais para o meu gosto.

JOÃO UBALDO RIBEIRO - Embargando cá, embargando lá

Não importa o que se ache da decisão da quarta passada, 
ela confirma que nossa estrutura judiciária e processual é pervertida

Não tenho completa certeza, mas acredito que a maioria de nós ainda não se esqueceu do julgamento do mensalão, um processo iniciado há aproximadamente dez anos que vinha dando muito o que falar e, superado apenas pela derrota do Botafogo e pelo início da recuperação do São Paulo, deve ter sido o assunto mais comentado na semana passada, pois não é que Seedorf perdeu um pênalti crucial e Murici Ramalho volta a mostrar sua estrela? Sei que alguns de vocês, os que não se esqueceram, pensam que faço chiste, mas não é verdade, pois há também o vastíssimo contingente de nossos patrícios que não entende nada do que está acontecendo. 

Uma vez ou outra, lá em Itaparica, à porta de sua casa, o hoje finado seu Manuel Joaquim esperava sorridente minha passagem, para me cumprimentar e revelar seu orgulho conterrâneo por ter ouvido falarem em meu nome no rádio, um menino que ele vira nascer, parecia que tinha sido ontem. Ah, muito obrigado, e o que foi que disseram, seu Manuel Joaquim? Bom, isso ele não sabia informar direito, mas o homem tinha falado bastante tempo em mim, uma coisa muito especial mesmo, ele estava seguro de que me tinham elogiado.

Entre os frequentadores do Bar de Espanha, a situação não é muito diversa. Logo depois da decisão do Supremo, Zecamunista deslocou-se para local ignorado, na companhia de duas correligionárias, para realizar um tal retiro dialético-espiritual, em que, segundo ele, uma companheira faz a tese, a outra faz a antítese e ele faz a síntese das duas, não conheço bem os detalhes. 

Mas, num esforço de reportagem que envolveu telefonemas para, entre outros, Xepa, Jacob Branco e Toinho Sabacu, pude ter uma ideia de como está a nossa atual conjuntura. Xepa recusou-se a fazer comentários, porque a aposentadoria dele finalmente está para sair e ele não é besta de se arriscar a falar qualquer coisa que possa melindrar os homens, não se joga fora assim uma vida de trabalho. Jacob Branco fez um discurso inflamado, em que afirmou que as belas palavras usadas para explicar o processo “são apenas bolodório vaselinório para o enfiatório de mais um sesquipedal supositório no sofrido subilatório dos simplórios”, mas não se estendeu na costumeira eloquência, pois ainda está lapidando o discurso, cuja versão definitiva será pronunciada na porta da Câmara de Vereadores, em data ainda não marcada. E Sabacu, como já se esperava, deu uma resposta filosófica e criou mais um neologismo.

— Eu não tive decepção nenhuma — disse ele. — Só quem pode ter decepção é quem primeiro teve a cepção. Como eu nunca tive cepção nenhuma quanto a esse pessoal, não ocorreu decepção. A única decepção que eu sofro às vezes é com o Flamengo, mas isso porque já tenho a cepção rubro-negra desde o tempo de Servílio, Dequinha e Jordan, não vai se comparar a esse povo. Minha posição continua eles lá e eu cá. Ficando eles lá e eu cá, já dá para botar as mãos para o céu todo dia, Deus é mais.

Pensei no assunto e cheguei à conclusão de que também não tinha muita cepção, de forma que só me decepcionei no primeiro minuto e logo caí de volta na realidade. Não importa o que se ache da decisão da quarta passada, ela confirma que nossa estrutura judiciária e processual é pervertida e que não é mesmo de nossa tradição levar a julgamento e muito menos condenar os poderosos e bem situados. Todo o sistema reage automaticamente, como se estivesse tendo uma intolerância alimentar. Ele não foi feito para isso, foi feito para privilegiar mesmo, para dar vantagem a quem tem influência, para só punir os pequenos, para permitir o prolongamento indecente das demandas, para tudo o que a gente tem visto — do que o julgamento do mensalão é mais uma manifestação e talvez sua única originalidade esteja em que, pela primeira vez, tantos figurões foram alvo de um processo tão rumoroso. 

Na hora em que se busca usar todo esse complexo sistema com o objetivo de obter algo para o qual ele não foi construído, dá nisso, numa justiça que se engasga, em permanente loop e decisões ioiôs, que vão e voltam infinitamente, entre óbvias e deslavadas manobras meramente protelatórias e chicanas que não cessam de produzir-se, num festim processual extravagante e descomedido.

É possível que evoluamos e, em passos relutantes e pouco decididos, consigamos deixar esse estado de coisas, mas é também possível que o sistema se reconfigure, para preservar a proteção aos que lhe são caros e para uso dos quais ele foi montado e aprimorado, numa história que se desenrola há séculos. Uma das reações do sistema, por exemplo, pode ser a criação dos embargos rotacionais, os quais, para usar o latinzinho adornativo de costume, serão chamados de embargos propter rotationem. 

Esses poderão ser apresentados pelos condenados em última instância, se, antes da execução da sentença, qualquer juiz vier a ser substituído, por qualquer motivo. Num passo adiante, poderemos instituir o embargo reviratório, que derroga todas as condenações, se mudarem quatro ministros, no mesmo prazo que o exemplo anterior. E, para dar um toque mais democrático, teremos o embargo divergente, que é quando o condenado, através de seu advogado, comunica ao tribunal que diverge frontalmente da sentença, ao fim do que recebe um prazo, com efeito suspensivo, de seis meses, prorrogáveis por mais seis, para coletar assinaturas em apoio da divergência. Claro que, para não vulgarizar a justiça, caberá recurso também dessa decisão, porque é para não resolver nada mesmo, a ideia é esta. 

Durante uma das últimas sessões do Supremo, um dos ministros comentou que, desse jeito, a justiça não fecha. Vejam como a percepção é afetada pela posição do observador. Do lado de cá, a impressão que muitas vezes se tem é de que ela já fechou há muito tempo.

ADRIANA CALCANHOTTO - Conversa fiada

Estive em minha terra natal para participar da 
vigésima edição do Porto Alegre Em Cena

Estive em minha terra natal para participar da vigésima edição do Porto Alegre Em Cena, o festival de teatro da cidade, um dos melhores do mundo, capitaneado pelo muito guerreiro Luciano Alabarse, que faz com que o de mais contundente no teatro feito sobre o planeta passe uma vez por ano pelos palcos portoalegrenses. Passei o som no teatro no final da tarde, durante uma hora e meia, e à noite fiz os shows, nos dois dias. Dei algumas entrevistas por e-mail, como todos os dias. Vi minha família e meus amigos.

Na manhã seguinte ao show final, voei para São Paulo, onde um carro me aguardava no aeroporto para irmos à cidade de Monteiro Lobato. Estrada linda. Estava indo participar do quarto Festival Literário de Monteiro Lobato, a cidade, que antes chamava-se Buquira. Antes de Monteiro Lobato, o escritor, nascer e criar sua obra, num sítio que pertencia à família de seus avós, e que hoje chama-se Sítio do Pica-Pau Amarelo.

Dizem na cidade que o menino José Bento Renato Monteiro Lobato nasceu em Taubaté, mas que o escritor Monteiro Lobato nasceu em Monteiro Lobato, a antiga Buquira. Ninguém é de Monteiro Lobato porque não há maternidade, os partos são feitos nas cidades próximas e logo os “lobatenses” recém-nascidos estão em casa. Só quem nasceu em Monteiro Lobato foi o escritor Monteiro Lobato, achei lindo isso.

De manhã passei uma horinha cavalgando Passaporte, um Manga Larga gente boa com quem conversei durante toda a trilha. Céu transparente, montanhas soberbas, silêncio de cascos. Me comovi ao ver a linda foto da verdadeira Tia Anastáscia com um dos filhos do escritor Lobato no colo. Cantei com as crianças a plenos pulmões numa tarde mágica onde o mais bonito mesmo foi ouvi-las lendo os poemas para a plateia. Do evento, conduzida até o carro por Emília e Visconde em pessoa, peguei a estrada para o aeroporto, e meia-noite já estava em casa, no Rio.

Dois dias de folga hibernada a conselho médico e a quarta-feira hipnotizada pelo decano do Supremo Tribunal Federal solidamente argumentando, por duas horas, que cumprir a lei é melhor que não cumprir. Não consegui pensar em mais nada depois que não fosse o destino: o do direito, o do julgamento, o do juiz, o da democracia. Nas ironias do destino, afinal. Quinta-feira, estive envolvida com a rejeição de minha ficha de adesão à Rede Sustentabilidade, negada porque não há minha assinatura nos cadernos das últimas eleições. Claro que não há, não votei. Só com a identidade, sem saber minha zona e seção eleitorais, não me foi permitido justificar por estar em trânsito, e não insisti porque não queria dar meu voto a ninguém, apenas justificá-lo.

Voltei ao Rio, paguei a multa e obtive a certidão “Quite com a Justiça Eleitoral”. Certidão obtida exatamente porque não há minha assinatura no caderno da última eleição, não é isso? Somente obtendo a certidão posso viajar para o exterior, por exemplo, mas ela não serve para que eu apoie um projeto político. Posso sair do país e não posso assinar uma ficha de adesão a uma proposta política porque minha assinatura não consta dos cadernos? Como estamos atrasados. Peço encarecidamente à Justiça Eleitoral que nós, as 95 mil pessoas que estão nessa mesmíssima situação, tenhamos nossas rejeições revistas, em nome da democracia. Aos compadres peço desculpas pela elipse, mas somos 95 mil.

Fiz a mala para Roma. Na manhã da sexta-feira, gravei depoimento para a Rede Sustentabilidade por conta do imbróglio da ficha de adesão. Embarque para Roma. Chegada a Roma às 17h, para almoçar ou jantar, dependendo do ponto de vista. Cair desmaiada logo depois. De manhã algumas entrevistas, à tarde passar o som, agora sim, escutem, na incrível acústica de uma das melhores salas de música do mundo, enquanto Roma está lá fora. Comer uma maçã e fazer o show, finalmente.

A esta altura, os compadres mais atentos já entenderam que tudo o que não fiz durante a semana foi parar para escrever a coluna de hoje. Hoje, domingo, quando estou em Roma para cantar à noite. Não tenho como estar na contracapa do Segundo Caderno ao mesmo tempo, que eu sou só uma só. Por isso, compadres, desculpas sinceras, mas a crônica de hoje só na crônica que vem.

LUIS FERNANDO VERISSIMO - Recaída

A proposta era simples. Cláudia acompanharia João Carlos numa visita à casa dos seus pais, na cidadezinha onde nascera, e seria apresentada como sua namorada. Alguém o tinha visto no Rio e chegara à cidadezinha com a notícia de que ele era gay. Ele precisava provar que não era gay.

Mas você não tem uma namorada de verdade? - perguntara Cláudia

- Por que eu?

Porque eu sou gay. Não tenho namorada. Tenho namorado. O nome dele é Roni. Não posso aparecer lá com o Roni.

Mas ninguém liga pra isso, hoje em dia. Liga?

Na minha cidade, na minha casa, ligam.

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Cláudia hesitara. Quase não conhecia João Carlos. A ideia de passar o Natal e o ano-novo com um quase desconhecido, na casa de uma família totalmente desconhecida, numa cidadezinha inimaginável, não a atraía. Se bem que... Poderia ser divertido. O João Carlos não era antipático. E os dois se fingindo de namorados, enganando todo o mundo... Ela não tinha outros planos para o fim do ano. Nenhum desfile agendado. Seria divertido. Topou.

No aeroporto, antes de embarcarem, João Carlos se despediu de Roni com um beijo prolongado e disse para ele não se preocupar.

Não vá me ter uma recaída... - disse Roni, indicando Cláudia.

Pode deixar - disse João Carlos. - Não há perigo.

Os três riram muito.

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Ao churrasco na casa dos pais de João Carlos, na primeira noite, veio gente de toda a região, parentes e amigos e até alguns que ninguém conhecia, para ver a namorada carioca. A notícia de que Cláudia era, além de carioca, uma bela mulher, uma modelo, se espalhara rapidamente e todos queriam vê-la, e ouvi-la, e dizer "O Joãozinho, hein? Quem diria". Os dois tinham dormido em quartos separados, João Carlos no seu quarto antigo, Cláudia com a irmã dele. A mãe do João Carlos, que via novela e sabia que aquilo era comum, não se importaria se os dois dormissem juntos, mas "O seu pai, sabe como é...". Eles sabiam como era. Não dormiam juntos, mas passavam o tempo todo se acariciando e se beijando, em casa e na rua. Provando para a cidade inteira que aquele boato de que o João Carlos tinha desandado no Rio era invenção, pura invenção. Gostava de mulher. E, a julgar pela Cláudia, gostava de grandes mulheres!

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Foi na noite de ano-bom, depois de muito frisante no clube, depois de se abraçarem e se beijarem apaixonadamente à meia-noite para todos verem, que os dois chegaram em casa e não foram cada um para o um quarto, foram para o quarto do João Carlos, quem diria, onde se amaram durante toda a madrugada, tentando não fazer muito barulho. E de manhã, suas pernas ainda entrelaçadas com as de Cláudia, João Carlos lamentou o acontecido, e disse "Bem que o Roni me avisou...", e a Cláudia beijou a ponta do seu nariz e disse: Pronto, pronto.

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Voltaram para o Rio no dia 2, o João Carlos silencioso no ônibus e no avião, com cara de culpa, depois de pedir à Cláudia que em hipótese alguma comentasse a sua recaída para quem quer que fosse senão o Roni ia acabar sabendo, e a Cláudia silenciosa, com o secreto orgulho de ser tão desejável, tão mulher, que provocara a recaída fatal do João Carlos, depois de prometer que não contaria nada a ninguém, que aquilo ficaria entre os dois, só entre os dois, para sempre.

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Ainda ontem a Cláudia encontrou o Roni e perguntou pelo João Carlos e o Roni disse:

Quem?!

O João Carlos. Seu namorado.

Ah, é. Está bem. Muito bem. Quer dizer. Olha aqui... Esse negócio de namorado...

Você também mal conhecia o João Carlos. Não é?

É. Eu...

Ele pediu para você fingir que era o namorado dele.

É

O seu nome nem é Roni.

Não.

Cláudia sorriu. Pensando: se o João Carlos tivesse me pedido, honestamente, sem mentir, sem encenação, topa ou não topa, eu teria topado?

Provavelmente não. Uma mulher como eu? Provavelmente não.

O falso Roni tinha chegado mais perto e estava dizendo:

Olha, eu também não sou gay. E se quiser, posso provar.

Cláudia se afastou, ligeiro. Pensando: ô raça, essa masculina!

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

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