JOÃO UBALDO RIBEIRO - Será que alguém vai em cana?

Ao que parece, estamos vivendo um momento histórico sem precedentes. Acostumados a ver a ladroagem, a trapaça, o enriquecimento ilícito, a falcatrua, o abuso de poder, o tráfico de influência, a irresponsabilidade, a ausência de espírito público e tantos outros vícios transformados em regra na nossa vida pública, sem que nunca os muitos denunciados sejam punidos ou sofram a não ser contratempos menores, é natural que estranhemos as condenações de que estão sendo alvo os réus do mensalão. Somos hoje um país de Tomés, o bom apóstolo que quis ver para crer.

Eu, por exemplo, quero. As condenações são um passo cuja relevância vai bem além das decisões judiciais. O que ocorrerá depois delas depende ainda de muita coisa. Não me refiro a firulas processuais, das quais o Brasil parece ser o recordista mundial, a ponto de, segundo li em algum lugar, já haver quem cogite dar entrada em algum recurso exótico, envolvendo decisões do Supremo no caso do mensalão. Ignoro se é verdade, ou mesmo se é possível, mas todos sabemos que isso ocorre no Brasil e um observador mais nervoso pode chegar a temer que algum legislador capitaneie a criação do Supremíssimo Tribunal Federal, para examinar em última instância as sentenças que hoje são de última instância.

Descontada essa questão, creio que cabe aos cidadãos prestar sua essencial colaboração. Sem ela, condenações ou não, pouco mudará. É muito cedo para que se esperem grandes mudanças, a curto prazo. Mas não é cedo para tomarmos consciência do que está acontecendo e do seu potencial, para aproveitar a chance de parar de reclamar em vão e passar a fazer alguma coisa, mudar de atitude. Como sempre repetindo a verdade, que às vezes esquecemos, de que os governantes, os políticos, os administradores públicos e os poderosos em geral não são marcianos, mas nascidos e criados aqui, é preciso que vejamos se não propiciamos a eles, por comodismo ou resignação indevida, um ambiente confortavelmente propício à sua ação.

Vamos lembrar, por exemplo, os preconceitos que manifestamos sem querer, automaticamente. Os jornalistas também não são marcianos, somos nós mesmos, só que divulgando e comentando as notícias. E aí é só lembrar por exemplo, que a notícia sobre quatro delinquentes juvenis apanhados em delito na zona sul carioca provavelmente se referirá a "quatro jovens", deixando entrever compreensão, enquanto notícia igual, envolvendo quatro delinquentes do mesmo tipo, mas pobres e desclassificados, geralmente menciona "quatro menores", já antecipando sua punição.

Assim como usamos eufemismos nessa e em muitas outras circunstâncias, vamos reconhecer que fazemos o equivalente em relação aos homens públicos e raramente repudiamos o político que sabemos ser ladrão. Pelo contrário, somos compreensivos, fazemos folclore em torno dele, damos risada de sua ladinice, manifestamos não tão relutante admiração pelo seu talento, criamos e figura jovial e simpática do "rouba, mas faz", não achamos nada de mais em se ser visto na companhia dele. E o reelegemos, o que é bem mais importante.

Nós hierarquizamos pelo avesso o furto do dinheiro público. A julgar pelo que poderíamos chamar de nossa postura coletiva, meter o gadanho, por qualquer meio, no patrimônio público é o menos grave de todos os furtos. Ainda agimos como se o dinheiro público caísse do céu e, portanto, furtá-lo não prejudica ninguém. Mas é claro que, tão logo paramos para pensar, somos levados a concluir que o furto que atinge toda a coletividade é mais grave, não pode deixar de ser o mais grave e, por consequência, o que mais séria punição merece e o que maior repulsa justifica.

A sociedade tem de encarar o desvio de dinheiro público, em qualquer forma, com tolerância zero. Concretizá-la inteiramente é talvez impossível, considerando-se a famosa natureza humana. Mas é possível tê-la sempre em mente e aplicá-la sempre que se oferecer a ocasião. Acho que ninguém, a não ser os beneficiários dos desmandos, discorda de tolerância zero para quem nos rouba, nos condena ao atraso e causa tanta miséria e infelicidade. Ou seja, devemos ter esses inimigos públicos em conta inferior à de qualquer vagabundo ou ladrão de quintal. Este, além de roubar pouco e talvez nunca ter conhecido outro horizonte na vida, não achincalha as instituições, não debocha da lei e da justiça e não exibe cinicamente uma fortuna que todos sabem que não ganhou honestamente. Chega de eufemismos e de reverência indevida, o nome certo é ladrão e o nome do ato é furto, mesmo que venha sob a alcunha artística de peculato ou qualquer outra.

O quadro mudará, com as condenações? Depende. Se não houver cadeia, não muda e talvez piore. E não cadeia com açúcar, como já se prevê, serviços comunitários, essas coisas também eufemísticas. Cadeia mesmo, com grades e, se possível, a fotografia de pelo menos um dos criminosos lá dentro. Não se trata nem de ódio, nem de vontade de vingança, nem de nada passional. É que, se não houver cadeia, ninguém vai notar punição nenhuma, até porque, em última análise, não terá havido punição. Se os condenados continuarem a circular no bem-bom, sem que nada de realmente grave perturbe suas vidas, isto será, com justa razão, percebido como mais uma prova de que só quem vai para a cadeia é pobre e que nada cola nos poderosos, nem mesmo a condenação pelo Supremo Tribunal Federal. Abatimento moral e depressão não valem, já são filme visto. E em breve saberemos se o resultado da epopeia judicial que estamos testemunhando não acabará parte desse mesmo filme.

FERREIRA GULLAR - Cantiga para não Morrer


Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.

NELSON MOTTA - O Novo Velhismo

Nunca imaginei que iria ficar velho. 

Para mim, velhos eram aquelas pessoas de mais de 50 anos, de cabeça branca, aposentados na cadeira de balanço, com uma manta sobre as pernas e chinelinhos de lã. Todos os paparicavam e os tratavam como crianças, ninguém os levava a sério. Como se vê, desde pequeno cometo graves erros de avaliação.

Felizmente, ficar velho hoje é muito melhor do que quando eu era criança. Não só pelos avanços da ciência, que prolongaram a vida e melhoraram a sua qualidade, mas pelas evoluções da sociedade e da tecnologia, que nos facilitaram o cotidiano, quebraram preconceitos e permitem a gente de qualquer idade ser produtiva e ter todos os direitos, e deveres, da vida social. Nunca imaginei que minha mãe, hoje com 88 anos, continuaria tomando seu vinhozinho e estaria na internet e fazendo análise. Ela detesta ser chamada de “terceira idade”: não liga de ser velha, mas não gosta de “palhaçadas”.

Nunca me passou pela cabeça que um dia eu seria capaz de furar filas em aeroportos, bancos e cinemas com a tranqüilidade dos justos, logo eu, que sempre respeitei a lei e sempre detestei e combati todas as formas de privilégio. Mas lamento só ter descoberto que tinha esses direitos aos 63 anos. Mal informado, pensava que eram só para quem tinha mais de 65. Perdi três anos de moleza! Nos aeroportos, furando feliz filas imensas, imagino como se sentem os nossos parlamentares. Assim como eles, mas por motivos diversos, não sinto a menor vergonha. Nem de minha idade e nem dos meus direitos legítimos. Vou logo perguntando: “Qual é a fila dos velhinhos?”

Mas o politicamente correto americano continua criando eufemismos patéticos e denunciando “preconceitos” contra gente que já viveu mais. Não querem mais que nos chamem de “cidadão sênior”, porque ninguém chama alguém de menos de 60 de “cidadão júnior”. Nem “idoso” eles aceitam. O correto é dizer “adulto mais velho” ou, singelamente, “homem” ou “mulher”. Depois do racismo, do sexismo e do pobrismo, o velhismo. Além de tentar nos tirar o orgulho de havermos sobrevivido até aqui, querem nos obrigar ao ridículo. 

VIVIANE MOSÉ - Um Nenhum

(Carta endereçada “Ao arqueólogo do futuro”.)

Senhor arqueólogo, foi muito difícil encontrar um lugar a partir do qual pudesse me dirigir ao senhor. Infinitas são as perspectivas que nosso tempo nos permite, desintegrado que está por tantas razões que não caberiam nesta cartinha. Então, resolvi falar de um lugar comum. O lugar de um homem.

Todo homem é comum mesmo não sendo. O não ser comum do homem parece estar em sua forma própria de ser comum. Em seu jeito singular de sofrer, brincar, envelhecer. Em sua necessidade de construir, simbolizar, criar. Um homem não deixa de ser comum mesmo entre letras, livros, máquinas, sistemas, signos. Um homem é sempre uma trajetória que declina. Que ascende, mas que declina. O comum do homem é sua aparição relâmpago, o seu constituir e o seu perecer. O comum do homem é sua necessidade de dizer, manifestar, inscrever, perpetuar. Ao mesmo tempo sua impossibilidade de permanecer. Todo homem constitui-se na tensão entre viver e morrer, entre dizer e calar, entre subir e descer. Mas, por razões extensas e difíceis, a história humana parece ter se ordenado em torno da vontade de não ser.

Não envelhecer, não sentir dor, não se cansar, não se aborrecer. O homem parece envergonhar-se de ser: pequeno, sensível, mortal, humano. E organiza-se em torno de um ideal de homem, sem corpo. O homem envergonha-se de seu corpo. Não de seu sexo ou de seu prazer, mas de suas vísceras, de seus excrementos, de seus sons e odores, de seu processo bioquímico, fisiológico, orgânico. O homem envergonha-se de morrer e vai acuando-se, escondendo-se, perdendo-se em torno de uma idéia, de uma imagem. Em sua luta por não ser comum, o homem tornou-se nenhum. Todo homem virou nenhum. Nenhum homem na rua, em casa. Nenhum homem na cama. Nenhum homem, mas um nome. O homem se reduziu a um nome. Não um nome próprio, mas um substantivo.

Mas um homem é sempre maior que um nome mesmo que não queira. E uma outra história foi sendo tecida por trás desse desejo de não ser. Enquanto construía seus mecanismos de não corpo, enquanto se constituía como idéia, pensamento, imagem, a humanidade proliferava em seus excessos contidos, em suas angústias não canalizadas, em suas paixões não vividas, em seus pavores maquiados. E um corpo invertido, nascido de tantos corpos abafados, foi constituindo-se socialmente, foi ganhando força e vida. Uma vida invertida, mas uma vida.

Tóxica, ela foi se alastrando pelas casas, pelas ruas, em forma de morte. A morte negada, as perdas e dores abafadas, saíram às ruas reivindicando seu espaço. O que antes esteve circunscrito aos campos de batalha, às margens, aos guetos, agora ganha as escolas, os metrôs, os restaurantes, as praias. Não há mais lugar seguro, carros blindados, condomínios fechados. Agora todos somos igualmente passíveis.

Vivemos a democratização da violência. Vivemos o predomínio daquilo que foi por tanto tempo obstinadamente negado.

A violência trouxe-nos de volta a urgência pelo corpo, pela vida, pelo tempo. E apartou-nos de nosso sonho de perenidade, de futuro, de verdade. Agora, todos estamos órfãos de nosso medíocre projeto de felicidade. Agora é preciso viver, temos urgência do instante, precisamos do corpo, mesmo gordo, magro, estrábico. E aqui, de meu lugar comum, de mulher comum, enquanto lavo a louça do café olhando a cor insistente da tarde que passa, me pergunto por quê? Por que não os dias nublados, as dores do parto, os serviços domésticos? Por que não o escuro, o delírio, a solidão? As lágrimas, os espinhos no pé, as quedas?

Dizem que o homem, como conhecemos, tende a desaparecer. É possível que uma espécie mais forte possa surgir, uma espécie capaz de um dia divertir-se com este nosso hábito demasiadamente humano de negar o inexorável, de controlar o incontrolável, e, não conseguindo, de esconder-se em cápsulas virtuais, em psicotrópicos de ultima geração, em imagens. Um homem que talvez tenha sempre existido pode começar enfim a surgir. Um homem capaz de viver a dor e a alegria de ser mortal, singular, sozinho, comum. Um homem capaz de gritar sua dor impossível. Um homem capaz de cantar. Um homem capaz de viver.

STANISLAW PONTE PRETA - Dois amigos e um chato


Os dois estavam tomando um cafezinho no boteco da esquina, antes de partirem para as suas respectivas repartições. Um tinha um nome fácil: era o Zé. O outro tinha um nome desses de dar cãibra em língua de crioulo: era o Flaudemíglio. Acabado o café o Zé perguntou:
Vais pra cidade?
Vou — respondeu Flaudemíglio, acrescentando: — Mas vou pegar o 434, que vai pela Lapa. Eu tenho que entregar uma urinazinha de minha mulher no laboratório da Associação, que é ali na Mem de Sá.

Zé acendeu um cigarro e olhou para a fila do 474, que ia direto pro centro e, por isso, era a fila mais piruada. Tinha gente às pampas.
Vens comigo? — quis saber Flaudemíglio.
Não — disse o Zé: — Eu estou atrasado e vou pegar um direto ao centro.
Então tá — concordou Flaudemíglio, olhando para a outra esquina e, vendo que já vinha o que passava pela Lapa: — Chi! Lá vem o meu... — e correu para o ponto de parada, fazendo sinal para o ônibus parar.

Foi aí que, segurando o guarda-chuva, um embrulho e mais o vidrinho da urinazinha (como ele carinhosamente chamava o material recolhido pela mulher na véspera para o exame de laboratório...), foi aí que o Flaudemíglio se atrapalhou e deixou cair algo no chão.
O motorista, com aquela delicadeza peculiar à classe, já ia botando o carro em movimento, não dando tempo ao passageiro para apanhar o que caíra. Flaudemíglio só teve tempo de berrar para o amigo:
- Zé, caiu minha carteira de identidade. Apanha e me entrega logo mais.

O 434 seguiu e Zé atravessou a rua, para apanhar a carteira do outro. Já estava chegando perto quando um cidadão magrela e antipático e, ainda por cima, com sorriso de Juraci Magalhães, apanhou a carteira de Flaudemíglio.
Por favor, cavalheiro, esta carteira é de um amigo meu — disse o Zé estendendo a mão.
Mas o que tinha sorriso de babaca não entregou. Examinou a carteira e depois perguntou: — Como é o nome do seu amigo?
Flaudemíglio — respondeu o Zé.
Flaudemíglio de quê? — insistiu o chato.
Mas o Zé deu-lhe um safanão e tomou-lhe a carteira dizendo:

REVOLUÇÃO - ENERGIA SEM LIGAR NA TOMADA

 Pesquisadores de Massachusetts (EUA) criam chip 
que capta e armazena diferentes formas de energia. 
O dispositivo pode aposentar as baterias recarregáveis.

Você já pensou em um celular ou mesmo em um computador que não precise das tradicionais baterias para armazenar energia? Um novo chip desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, pode ser o salto que faltava na engenharia para transformar isso em realidade. Além de tornar as baterias obsoletas, o dispositivo fará com que toda a energia gasta pelos aparelhos seja de fonte natural e renovável. A grande novidade tecnológica está na capacidade do mecanismo de combinar, ao mesmo tempo, a energia capturada de múltiplas fontes, como os fótons emitidos pelo sol, o calor e as vibrações do ambiente.

Os dispositivos anteriores capturavam energia a partir de uma única fonte: solar, térmica ou vibração. Já a nossa abordagem combina múltiplas fontes. Assim, a energia total adquirida é bem maior”, defende o autor do estudo, Saurav Bandyopadhyay. Isso quer dizer que, se o chip estiver, por exemplo, em uma ponte que vibra com a passagem dos carros, em um dia ensolarado e exposto ao calor, ele conseguirá aproveitar todas essas fontes ao mesmo tempo.

Bandyopadhyay conta que, para conseguir tal resultado, o grupo de pesquisa liderado por ele utilizou um indutor único compartilhado entre muitos conversores. “Isso nos permite combinar a energia a partir de várias fontes sem aumentar o número de componentes. Normalmente, cada conversor (solar, de vibração ou térmico) exige seu próprio circuito de controle para atender suas necessidades específicas.”

Por exemplo, os circuitos que funcionam por meio das diferenças térmicas normalmente produzem apenas entre 0,02 a 0,15 volt de energia, enquanto as células fotovoltaicas de baixa energia podem gerar de 0,2 a 0,7 volt. Já os sistemas de vibração, chegam a produzir até 5 volts. Segundo o pesquisador, coordenar em tempo real as diferentes fontes para produzir uma saída constante de energia elétrica é um processo complicado.

Tanto que, até hoje, os dispositivos mais próximos da proposta do MIT funcionam a partir de uma sistema que alterna, entre as possibilidades existentes, a fonte que, naquele determinado momento, está gerando a maior parte da energia. Ou seja, se o dia está nublado, mas com abundância de energia termoelétrica, o dispositivo rejeita o recurso do sol e utiliza somente o calor. Dessa forma, o método acaba por desperdiçar as outras fontes de energia, mesmo que em níveis menores. A nova abordagem, entretanto, consegue aproveitar todas a partir da comutação rápida entre elas.

Vantagens ambientais Como os recursos naturais são intermitentes e imprevisíveis, a possibilidade de combinar diversas fontes ao mesmo tempo representa um avanço significativo para que os aparelhos operem em níveis de energia extremamente baixos. Segundo o professor Elson Longo, do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a eficiência é algo muito importante quando o assunto é mecanismo elétrico. “Esse novo sistema fornece uma economia de 11% a 13% de energia em relação aos atuais. Isso é energia para ninguém botar defeito. Imagine se você tivesse isso em todos os sistemas, estaríamos ganhando um valor monstruoso de energia”, avalia.

Sobre as inovações trazidas pela pesquisa, Bandyopadhyay complementa ainda que a arquitetura de caminho duplo desenvolvida no chip é o que possibilita que a energia disponível no ambiente seja armazenada e diretamente aplicada no funcionamento do dispositivo sem o intermédio das baterias (ver arte). Em um computador de casa, por exemplo, enquanto o aparelho estiver exposto à luz do sol, capturará os fótons emitidos e os transformará em energia elétrica. Se, ao mesmo tempo, estiverem presentes fontes de energia térmica e piezoelétrica, o chip será capaz de absorver todas as mesmo tempo e processá-las em um único indutor, que liberará a energia requerida para manter o computador ligado. A energia excedente, por sua vez, será armazenada no próprio chip para ser utilizada no momento em que for preciso. Isso significa que você não mais precisará carregar seu computador na tomada.

Eliminar a necessidade de baterias é fundamental em redes de sensores altamente distribuídos e que não têm acesso fácil à fontes de energia”, explica Bandyopadhyay. Nessa perspectiva, o professor da UFSCar também destaca a importância do novo modelo para o meio ambiente, uma vez que utiliza fontes abundantes na natureza e, além disso, renováveis. “Frente aos atuais problemas ambientais, você precisa arrumar fontes alternativas de energia. Nesse chip, você parte de três energias diferentes amplamente oferecidas pela natureza. Elas são absorvidas e transformadas todas em elétrons. Esses elétrons são mandados para o sistema de memória. Isso tudo utilizando fontes renováveis de energia”, comenta Longo.

O dispositivo desenvolvido pelo MIT, segundo o autor do estudo, pode ter diversas aplicações, como no funcionamento de sensores de energia sem fio para monitoramentos biomédicos. Ele conta que o próximo passo dos pesquisadores será o desenvolvimento de sistemas completos que utilizem essa forma de colheita energética. Além disso, o grupo de cientistas pretende viabilizar a comercialização do chip. Para o pesquisador brasileiro Longo, o mecanismo representa um energia do futuro. “Ela é bem promissora, mas existe uma diferença muito grande no trabalho publicado em artigo que desenvolve dois chips para teste e você produzir milhões dele. Tem que ter capital. Não vai chegar amanhã no seu celular, na sua casa. Só se for investido muito dinheiro nisso”, pondera.

Sobre a possibilidade de desenvolvimento de tal tecnologia no Brasil, Longo critica a política de incentivo e financiamento de pesquisa adotada pelo país. “Precisamos que nossa presidenta invista mais nos pesquisadores brasileiros (…) O dia em que mudarmos, começaremos a desenvolver pesquisa de ponta. Esse chip criado nos Estados Unidos vai render muita riqueza. Temos que ter gente competente aqui também para isso”, critica Longo.
Marcela Ulhoa

MARTHA MEDEIROS - Quando menos se espera

Quando alguém se queixa de que não encontra sua cara-metade, que procura, procura, procura e nada, os amigos logo lembram o queixoso de que o amor só é encontrado ao acaso. 
Justamente no dia que você vai à locadora todo esculhambado para devolver um DVD, poderá esbarrar na mulher da sua vida.

E naquela noite em que você sai de pantufas do apartamento só pra descer até a garagem do prédio e desligar a droga do alarme do carro que disparou, é então que o Cupido poderá atacar, fazendo com que o príncipe dos sonhos divida com você o elevador.

Não acredita? Eu acredito. Nas vezes em que saí de casa preparada pra guerra, voltei de mãos vazias. Todos os meus namoros começaram quando eu estava completamente distraída. Mas não vale se fingir de distraída, tem que estar realmente com a cabeça na lua. Aí, acontece. O amor adora se fazer de difícil.

Pois foi meio assim que aconteceu com a universitária que foi parada numa blitz semana passada. Ela se recusou a fazer o teste do bafômetro, então teve a carteira recolhida e prestou algumas informações. Voltou pra casa e pouco tempo depois recebeu um torpedo de um dos agentes perguntando se ela estava no Facebook ou se podia dar seu MSN, porque ele gostaria de conhecê-la melhor.

Vibro com essas conspirações do destino, que fazem com que duas pessoas que estavam absolutamente despreparadas para um encontro amoroso (um trabalhando na madrugada, outra voltando de uma festa) se encontrem de forma inusitada e a partir daí comece um novo capítulo da história de cada um. Claro, levando-se em conta que ambos tenham simpatizado um com o outro, que a atração tenha sido recíproca.

Não foi o caso. A universitária não se agradou do rapaz. Acontece muito. O Cupido passa trabalho, não é fácil combinar os pares. Nesses casos, todo mundo sabe o que fazer: basta não responder ao torpedo, ou responder amavelmente dizendo que não está interessada, ou mandar um chega pra lá mais incisivo, desestimulando uma segunda tentativa.

A universitária desprezou essas três opções de dispensa. Inventou uma quarta maneira para liquidar o assunto: deu queixa do rapaz aos órgãos competentes. Dedurou o cara. Não perdoou que uma informação confidencial (o número do seu celular) houvesse sido utilizada indevidamente por um servidor público.

É duro viver num mundo sem humor. Uma cantada, uma reles cantada. Se fosse num bar, seria óbvia. Tendo sido após uma blitz, foi incomum. No mínimo, poderia ter arrancado um sorriso do rosto da garota que deveria estar pê da vida por ter a carteira apreendida.

Depois de um fim de noite aborrecido, ela teve a chance de achar graça de alguma coisa, mas se enfezou ainda mais. No próximo sábado, é provável que esteja de novo na balada, cercada de outras meninas e meninos, a maioria se queixando de que o amor não dá mole. 

O QUE É UMA COMPULSÃO? - Solange Bittencourt Quintanilha

Compulsão é um impulso
que se torna mais forte que a própria pessoa. 

É uma necessidade patológica de agir sob a pressão de um vício, que se controlado, produz muita ansiedade.

É um impulso muito forte e até irresistível, que leva o indivíduo a fazer algo às vezes até indesejável, errado ou fora dos limites da razão e que se repete de maneira perseverante, objetivando evitar a angústia.  Sua vontade se torna escrava. Ela costuma trazer ansiedade, angústia, frustração, e tem um efeito negativo nas relações afetivas. 

Existem várias compulsões, eis algumas:

Compulsão alimentar
O ato alimentar tem função estrutural na nossa personalidade, por tratar-se primordialmente do primeiro elo entre o bebê e a mãe (o primeiro elo entre alimento e sentimento). A alimentação é um processo relacional carregado de extenso significado emocional.

A compulsão é uma alteração de comportamento. Não se procura alimento para saciar só a fome biológica, mas também a fome emocional.

O impacto emocional do comer compulsivamente e do excesso de peso sobre a vida das pessoas traz grandes sofrimentos.

Compulsão pelo computador 
Muitas pessoas se sentem incapazes de controlar o número de horas que ficam conectadas à Internet.

Quando isso acontece, o resultado é sempre uma sucessão de prejuízos que vão do desequilíbrio nas relações afetivas, problemas profissionais, tendência ao isolamento social, depressão. Esse uso compulsivo provoca a substituição do contato real pelo virtual.

Esse vício tão forte fascina muitas pessoas, porque permite que elas escondam a sua timidez, protejam-se do medo de rejeição, experimentem uma sensação de poder, expressem suas fantasias com liberdade infinita pela certeza do anonimato...

Compulsão pela estética 
O culto ao corpo vem crescendo assustadoramente, numa preocupação desmedida e alarmante, com mudanças drásticas na alimentação, gerando transtornos alimentares, como por exemplo, Anorexia ou Bulimia. Nas duas, há uma versão muito negativa da própria imagem.

Na Anorexia, que é uma doença perigosa e pode ser fatal, o indivíduo se acha gordo mesmo se estiver magro. É uma grave distorção corporal. Faz dietas absurdas ou simplesmente para de comer.

Na Bulimia, o sentimento de culpa por ter comido, faz com que, após as refeições, a pessoa provoque vômitos, tome laxantes ou diuréticos para purgar o que foi ingerido e não engordar.

Encontramos também o exagero de procedimentos estéticos numa preocupação às vezes doentia com rugas, celulites, estrias... e práticas repetitivas de cirurgias plásticas, lipoaspirações, silicones, botox...

Compulsão pelas drogas
Droga é toda substância, natural ou artificial, que introduzida no organismo , pode provocar modificações na sua estrutura ou no seu funcionamento.

Existem dois tipos fundamentais de dependência às drogas:dependência psíquica ou psicológica e dependência física ou orgânica.

A droga produz tolerância no organismo, o que obriga o usuário a, 
progressivamente, aumentar a dose, chegando às vezes a uma dosagem letal.

Existe uma verdadeira compulsão pela droga, isto é, uma necessidade tão grande, que faz com que o indivíduo procure obtê-la por todos os meios.
Surge daí, casos de crimes de roubo, agressões, homicídios, prostituição...

Se o indivíduo for abruptamente privado do uso da droga, surge a crise de abstinência ou de privação, geralmente acompanhada de calafrios, tremores, sudoreses, náuseas, vômitos, diarréia, confusão mental, alucinações, delírios, convulsões e até morte.

Existem outras formas de compulsões: jogadores compulsivos, atletas compulsivos, compradores compulsivos...

É extremamente importante que todos tenham a consciência de que qualquer vício ou compulsão, além de ser muito difícil de ser abandonado, traz sempre muito sofrimento.Na verdade, toda compulsão carrega no fundo, os problemas emocionais do indivíduo, o que o leva a ficar totalmente submisso e prisioneiro do vício. É, portanto muito importante a noção de que é uma doença, que precisa ser tratada, e não simplesmente uma falta de força de vontade do usuário ou uma fraqueza, como muitos pensam.

Amor, compreensão, firmeza, apoio, paciência... serão de vital importância para ajudar a todos que querem se libertar de algo tão severo e maléfico.
______________________

FERNANDO BRANT - Chuva e queijo com doce de leite

Estou de olho nos canalhas que infestam o Brasil.

Depois de quase quatro meses de seca, a chuva bate em nossa casa. O cheiro de terra molhada penetra pelo nariz e traz uma sensação de tempos melhores. Dá vontade de esquecer toda a violência e crueldade de que temos notícia a cada dia e mergulhar num mundo interior de sonho e felicidade. O amigo cão atravessa o pátio e se esconde debaixo de seu abrigo. Gostaria de fazer o contrário, de me encharcar com o que cai do céu. De cabeça quente diante dos descaminhos do time do coração, mas ainda com pulsante esperança, começo a me lembrar de acontecimentos alegres que vivi.

Não preciso ir muito longe. Ainda nesta tarde, recebi a visita da Clara e do Lucas. Apresentei a ela, depois de assistirmos a um balé das princesas, a Mafalda e sua turma. Para ele sobrou a contemplação extasiada de seu avô. Esses momentos me enchem de energia e gosto de viver. Também já fui neto e aprendi muito com os meus maiores. Esse é um bastão que recebi e carrego com muito prazer.

Já andei muito de bonde e foi uma experiência enriquecedora, que não acabou, porque resultou em lembranças e canções. Brinquei de motorneiro e fui muito amigo de um deles. Histórias de vida do povo brasileiro que nunca mais esqueci. O trem, então, meu Deus, foi companheiro de muitas jornadas Minas adentro. Para o Rio de Janeiro só ia de Vera Cruz, tão diferente dessa confusa e cansativa aventura de aeroportos dos dias de hoje.

A chuva fina de agora me faz recordar de uma outra, há muitos e muitos anos, em Diamantina. Caíam pedras de gelo e minha mãe, nem sonhávamos em ter geladeira, pôs a bacia no terreiro e lá colocou algumas garrafas de guaraná. Era meu aniversário de 5 anos e foi o primeiro refrigerante fresco que tomamos, eu e meus irmãos.

Bola na rua, bola no peito, drible, bola no gol. Corri e suei, junto com meus companheiros, pelas ladeiras da cidade. Meus colegas de brincadeiras cresceram e assumiram profissões diversas, de lixeiro a médico. Todos eles guardados com carinho em minha memória. Em casa e na rua aprendi coisas essenciais para minha existência: amizade, palavra, caráter, respeito, bondade, alegria e amor. Aprendi a não aceitar sossegado que qualquer sacanagem seja coisa normal.

Estou de olho nos canalhas que infestam o Brasil e o mundo. Mas os afasto do meu pensamento quando vejo a menina partir uns pedaços de queijo e misturá-los ao doce de leite. Que cara boa a que ela faz. O rosto se ilumina enquanto mastiga devagar a delícia. O dia se completa com o cheiro da chuva e a visão da menina comendo queijo com doce de leite.

FRANCISCO DAUDT - Intimidade

O ex-presidente Janio Quadros foi abordado pela repórter:

" -E aí, Janio, o que há de novo?"

"-Esta nossa intimidade. Intimidade, minha jovem, só traz aborrecimentos e filhos, e eu não quero nenhum dos dois com a senhorita".

Ele zelava por um bem precioso que a moça tentava lhe tomar. A intimidade nos é algo tão caro que nem dada deve ser. No máximo emprestada, com direito a devolução. Tomada de nós, jamais!

Olhe-a, portanto, como sua poupança, sua casa. Valiosa, pode ser bem aplicada, mas corre riscos. Ela passou a existir com o surgimento do indivíduo. Não me fiz claro: não é a partir do nosso nascimento, mas da criação do indivíduo.

Sua existência é uma novidade na história humana. Na aldeia primitiva, na tribo que não passava de 200 pessoas, não havia indivíduos.

As pessoas eram empasteladas, todos se metiam na vida dos outros, não havia intimidade, não havia indivíduo, pois uma coisa se alimenta da outra (ou a falta de uma, vai matando a outra). A aldeia homogênea continua na tirania das cidades pequenas, das tribos de adolescentes, dos colégios (o bullying patrulha diferenças), das religiões fanáticas: todos patrulham todos, para que todos sejam iguais.

Formigueiros, colméias, o ideal comunista da "igualdade", não a democrática de oportunidade e de direitos, mas a dos cupins, em que todos são células de um só corpo, o Partido. "A morte foi vencida! As pessoas não são mais que células, o que importa é o corpo". Até tiranos são iguais.

O aparecimento do indivíduo só foi possível com os direitos humanos, a democracia e as grandes cidades, onde ser anônimo protege a intimidade.

O personagem da história de hoje é um indivíduo. Único o bastante para não participar de redes sociais nem ter celular. Um pária, portanto: empresta sua intimidade para poucos escolhidos; conversa assuntos; não interrompe ninguém para atender ao telefone, ou digitar mensagens. Estóico, resigna-se quando alguém menos íntimo o faz. É um homem de vida calma, apreciador das virtudes.

Adora carros desde criança. São, como diz, as esculturas contemporâneas que mais preza.

Resolveu vender seu atual, que não é espetacular, apenas é lindo. Sua irmã ofereceu-lhe a postagem da belezura em sua página do facebook, vai que algum "amigo" se interessasse? Ele, pária que é, aceitou. Para quê?

Choveram mensagens metidas a engraçadinhas, debochando dele e de seu carro. Uma em particular, chocou-o, pois vinha de alguém que ele tem em alta conta.

Deu trabalho explicar-lhe que a internet serve para o bem, mas igualmente pode despertar, na massa linchadora, um bullying nas melhores pessoas. Contaminadas pela moda, viram patrulhadoras das diferenças, num território livre para a inveja e o ódio.

Ódios sarcásticos e "espertos" ganham pontos como símbolo de status. As redes sociais podem dar vazão à tendência humana a se encarneirar e em transformar indivíduos em carneiros.

O pecado desse personagem foi ter sua intimidade exposta. Mas não era nada pessoal, just business, como diz outra comunidade homogênea, a máfia. 

MOACYR SCLIAR - Uma estranha e admirável mulher

A vida de Florence Nightingale, 
a criadora da moderna enfermagem, daria um romance.

Este agosto assinala o centenário de falecimento de uma mulher cuja trajetória foi absolutamente fascinante. Estamos falando de Florence Nightingale (1820 1910), a criadora da moderna enfermagem (por causa dela este é também o Ano Internacional da Enfermagem, uma categoria que merece entusiásticos aplausos), e cuja vida, como se costuma dizer, daria um romance. Era de família próspera; os Nightingale viajavam constantemente pela Europa, o que aliás explica o seu nome: nasceu em Florença, a segunda das duas filhas do casal. Os pais eram pessoas religiosas, gente tradicional: Florence estava destinada a receber uma boa educação, a casar com um cavalheiro de fina estirpe, a ter filhos, a cuidar da casa e da família. Mas logo ficou claro que a menina não se conformaria a esse modelo. Era diferente; gostava de matemática, e era o que queria estudar (os pais não deixaram). Aos 16 anos, algo aconteceu: Deus falou-me escreveu depois e convocou-me para servi-lo. Um episódio que poderia caracterizá-la como uma mística, mas, diz o historiador Lytton Strachey, a moça estava longe de ser uma beata desligada da realidade.

Servir a Deus significava, para ela, cuidar dos enfermos, e especialmente dos enfermos hospitalizados. Naquela época, os hospitais curavam tão pouco e eram tão perigosos (por causa da sujeira, do risco de infecção) que os ricos preferiam tratar-se em casa. Hospitalizados eram só os pobres, e Florence preparou-se para cuidar deles, praticando com os indigentes que viviam próximos à sua casa. Viajou por toda a Europa, visitando hospitais. Coisa que os pais não viam com bons olhos: enfermeiras eram consideradas pessoas de categoria inferior, de vida desregrada. Mas Florence foi em frente e logo surgiu a oportunidade para colocar em prática o que aprendera. Naquela época, Inglaterra e França enfrentavam Rússia e Turquia na guerra da Crimeia. Sidney Herbert, membro do governo inglês e amigo pessoal, pediu-lhe que chefiasse um grupo de enfermeiras enviadas para o front turco, uma tarefa a que Florence entregou-se de corpo e alma: cuidava incansavelmente dos pacientes, percorrendo enfermarias à noite; era a "dama da lâmpada", segundo a expressão do Times de Londres. Florence providenciava comida, remédios, agasalhos, além de supervisionar o trabalho das enfermeiras. Mais que isso, fez estudos estatísticos (sua vocação matemática enfim triunfou) mostrando que a alta mortalidade dos soldados resultava das péssimas condições de saneamento. Seus méritos foram reconhecidos, e ela recebeu uma importante condecoração da rainha Vitória.

Isso tudo não quer dizer que Florence fosse, pelos padrões habituais, uma mulher feliz. Para começar, não havia, em sua vida, lugar para ligações amorosas. Cortejou-a o político e poeta Richard Milnes, Barão Houghton, mas ela rejeitou-o. Ao voltar da guerra, algo estranho lhe aconteceu: recolheu-se ao leito e nunca mais deixou o quarto. É possível, e até provável, que isso tenha resultado de brucelose, uma infecção crônica contraída durante a guerra; mas havia aí um óbvio componente emocional, uma forma de fuga da realidade. Contudo - Florence era Florence - mesmo acamada, continuou trabalhando intensamente. Colaborou com a comissão governamental sobre saúde dos militares, fundou uma escola para treinamento de enfermeiras, escreveu um livro sobre esse treinamento.

STEVE JOBS - O estilo de liderança para uma nova geração

Eu estava sentado na área de espera de um restaurante...
 um dos lugares mais improváveis do mundo para um encontro 
capaz de mudar a vida de qualquer pessoa.

O artigo que estava lendo na seção de negócios do jornal falava acerca do fim desastroso da Eagle Computer, uma empresa nascente. Um jovem, que também aguardava por uma mesa, estava lendo o mesmo artigo. Nós começamos a conversar e revelei minha ligação com aquela notícia. Recentemente, dissera ao meu chefe, Andy Grove, presidente da Intel, que deixaria meu cargo em sua empresa para me juntar aos rapazes que estavam criando a Eagle Computer. A empresa estava prestes a abrir o capital. No dia da oferta pública de ações, o presidente- executivo da Eagle Computer tornou-se multimilionário instantaneamente, e celebrou indo beber com seus cofundadores. Dali, ele foi direto comprar uma Ferrari, tirou o carro da concessionária para um divertido test drive e bateu. Ele morreu, a empresa morreu, e o emprego pelo qual eu deixaria a Intel não existia mais, antes mesmo de me apresentar para o trabalho.

O jovem para quem contei a história começou a fazer perguntas a respeito do meu background. Contrastávamos totalmente: ele tinha uma aparência hippie, vinte e poucos anos e usava jeans e tênis. Ele me viu como um executivo, com seus quarenta anos, de terno e gravata. No entanto, rapidamente descobrimos uma paixão comum por computadores. O rapaz era um provocador, um vulcão de energia, que ficou muito animado com a ideia de que eu tinha assumido cargos importantes em tecnologia, mas saíra da IBM quando considerei que a empresa era lenta em aceitar novas ideias. Ele se apresentou como Steve Jobs, presidente do conselho da Apple Computer. Eu mal ouvira falar a respeito da Apple, mas me inquietei vendo aquele jovem como chefe de uma empresa de computadores. Então, ele me pegou completamente de surpresa, dizendo que gostaria que eu fosse trabalhar para ele. Respondi: "Acho que você não é capaz de bancar meu salário". Na ocasião, Steve tinha 27 anos e, alguns meses depois, naquele mesmo ano, quando a Apple abriu o capital, ganharia algo como 250 milhões de dólares.

Numa sexta-feira, duas semanas depois, comecei a trabalhar na Apple - com um salário um pouco maior e com uma mensagem de despedida de Andy Grove de que eu estava "cometendo um grande erro; a Apple não iria a lugar algum". Steve gostava de surpreender as pessoas não dando informações até o último minuto. No meu primeiro dia de trabalho, no final de uma conversa vespertina para nos conhecermos melhor, ele disse: "Vamos dar uma volta amanhã. Encontre- -me aqui às dez. Quero lhe mostrar uma coisa".

Não fazia ideia do que esperar ou se deveria me preparar de alguma forma.

No sábado de manhã, entramos no Mercedes de Steve e partimos. Ainda nenhuma palavra sobre para que lugar estávamos indo. Ele entrou no estacionamento do PARC, o Palo Alto Research Center (Centro de Pesquisa de Palo Alto), da Xerox, onde fomos conduzidos até uma sala de equipamentos de informática, que me espantou. Steve tinha estado ali um mês antes com um grupo de engenheiros da Apple, que possuíam opiniões divergentes sobre se os produtos que foram apresentados a ele teriam algum valor para os computadores pessoais. Naquele momento, Steve regressava para dar outra olhada, e se sentia empolgado. Ele tinha certeza de que vira o futuro da informática. O PARC estava criando uma máquina para empresas, um computador de grande porte para concorrer com a IBM. Steve vira outra coisa: um computador para todas as pessoas. Steve, o visionário da perfeição do produto tinha ficado diante do caminho luminoso para um futuro radiante. Evidentemente, não seria um caminho sem obstáculos. Ele cometeria diversos erros dolorosos, onerosos, quase desastrosos ao longo do percurso; muitos dos quais por causa da noção da sua própria infalibilidade, o tipo de certeza obstinada que deu origem ao clichê "do meu jeito ou rua". Contudo, para mim, era assombroso ver como ele estava aberto para as possibilidades, como ele ficava empolgado ao identificar novas ideias, vendo seu valor e adotando-as. E seu entusiasmo era contagioso. Ele compreendia a mentalidade das pessoas para quem quisesse criar produtos porque era uma delas. E, como pensava como seus futuros clientes, ele sabia quando via o futuro. Eu veria Steve como incrivelmente brilhante, transbordante de entusiasmo, movido por uma visão de futuro, mas também inacreditavelmente jovem e loucamente impulsivo. Steve Jobs daria início à sua intenção de mudar o mundo. E isso, como se sabe, foi exatamente o que ele fez.
Jay Elliot

Sobre o autor:
Executivo das áreas de computação e tecnologia, Jay Elliot foi vice-presidente da Apple e trabalhou em companhias como IBM, Intel e Nee Health Systems. Atualmente, é presidente da Nuvel, empresa de desenvolvimento de softwares, na qual aplica grande parte dos princípios de gestão e liderança aprendidos com Steve Jobs. Essa experiência deu origem a Steve Jobs - o estilo de liderança para uma nova geração, em parceria com William L. Simon, traduzido para vinte e três idiomas.

RUBEM ALVES - O que é científico?

Era uma vez um jovem que amava xadrez. Sua vocação era o xadrez. Jogar xadrez lhe dava grande prazer. Queria passar a vida jogando xadrez. Nada mais lhe interessava. Só lia livros de xadrez. Estudava as partidas dos grandes mestres. Só conversava sobre xadrez. Quando era apresentado a uma pessoa sua primeira pergunta era: Você joga xadrez? Se a pessoa dizia que não ele imediatamente se despedia. Tornou-se um grande mestre. Mas o seu sonho era ser campeão.
Derrotar o computador. Até mesmo quando andava jogava xadrez. Por vezes, aos pulos para frente. Outras vezes, passinhos na diagonal. De vez em quando, dois pulos para frente e um para o lado. As pessoas normais fugiam dele porque ele era um chato. Só falava sobre xadrez. Nada sabia sobre as coisas do mundo como pombas, beijos e sambas. Não conseguia ter namoradas porque seu único assunto era xadrez. Suas cartas de amor só falavam de bispos, torres e roques. Na verdade ele não queria namoradas.
Queria adversárias. Essas coisas como jogo de damas, jogos de baralho, jogo de peteca, jogo de namoro eram inexistentes no seu mundo. Inclusive, entrou para uma ordem religiosa. Eu viajei ao lado dele, de avião, de São Paulo para Belo Horizonte. Cabeça raspada.
Durante toda a viagem rezou o terço. Não prestei atenção mas suspeito que as contas do seu terço eram peões, cavalos e bispos. Sua metafísica era quadriculada. Deus é o rei. A rainha é nossa senhora. O adversário são as hostes do inferno.

As pessoas normais brincam com muitos jogos de linguagem: jogos de amor, jogos de poder, jogos de saber, jogos de prazer. jogos de fazer, jogos de brincar. Porque a vida não é uma coisa só. A vida é uma multidão de jogos acontecendo ao mesmo tempo, uns colidindo com os outros, das colisões surgindo faiscas. Uma cabeça ligada com a vida é um festival de jogos. E é isso que faz a inteligência. Mas o nosso heroi, coitado, era cabeça de um jogo só. Jogava o tal jogo de maneira fantástica. Especializou-se. Sabia tudo sobre o assunto. E, de fato, sabia tudo sobre o mundo do xadrez. Mas o preço que pagou é que perdeu tudo sobre o mundo da vida. Virou um computador ambulante, computador de um disquete só. Disquetes são linguagens. O corpo humano, muito mais inteligente que os computadores, é capaz de usar muitos disquetes ao mesmo tempo. Ele passa de um programa para outro sem pedir licença e sem pensar. Simplesmente pula, alta.

Inteligência é isso: a capacidade de pular de um programa para outro, de dançar muitas danças ao mesmo tempo. O humor se nutre desses pulos. O riso aparece no momento preciso em que a piada faz a inteligência pular de uma lógica para uma outra. Há a piada dos dois velhinhos que foram ao gerontologista que, depois de examiná-los, prescreveu uma dieta de comidas e remédios a ser seguida por duas semanas. Passadas as duas semanas, voltaram. O resultado deixou o médico estupefato. A velhinha estava linda: sorridente, saltitante, toda maquiada. O velhinho, um caco, trêmulo, pernas bambas, dentadura frouxa, apoiado na mulher. Como explicar isso, que uma mesma receita tivesse produzido resultados tão diferentes? Depois de muito investigar o médico atinou com o acontecido. "- Mas eu mandei o senhor comer avêia três vezes por dia e o senhor comeu avéia três vezes por dia?" O riso aparece no jogo de ambiguidade entre avêia e avéia. O nosso heroi nunca ria de piadas porque ele só conhecia a lógica do xadrez, e o riso não está previsto no xadrez. A inteligência do nosso heroi não sabia pular. Ela só marchava. Faz muitos anos, um filósofo chamado Herbert Marcuse escreveu um livro ao qual deu o título de O homem unidimensional . O homem unidimensional é o homem que se especializou numa única linguagem e vê o mundo somente através dela. Para ele o mundo é só aquilo que as redes da sua linguagem pegam. O resto é irreal.

A ciência é um jogo. Um jogo com suas regras precisas. Como o xadrez. No jogo do xadrez não se admite o uso das regras do jogo de damas. Nem do xadrez chinês. Ou truco. Uma vez escolhido um jogo e suas regras, todos os demais são excluidos. As regras do jogo da ciência definem uma linguagem. Elas definem, primeiro, as entidades que existem dentro dele. As entidades do jogo de xadrez são um tabuleiro quadriculado e as peças. As entidades que existem dentro do jogo lingüístico da ciência são, segundo Carnap, "coisas-físicas", isso é, entidades que podem ser ditas por meio de números. Esses são os objetos do léxico da ciência. Mas a linguagem define também uma sintaxe, isso é, a forma como as suas entidades se movem. Os movimentos das peças do xadrez são definidos com rigor. E assim também são definidos os movimentos das coisas físicas do jogo da ciência.
Kuhn, no seu livro Estrutura das Revoluções Científicas, diz que os cientistas fazem ciência pelos mesmos motivos que os jogadores de xadrez jogam xadrez: querem todos provar-se "grandes mestres".
Para se atingir o nível de "grande mestre" no xadrez ou na ciência é necessária uma dedicação total. Conselho ao cientista que pretende ser "grande mestre": lembre-se de que, enquanto você gasta tempo com literatura, poesia, namoro, em conversas no bar DALI, há sempre um japonês trabalhando no laboratório noite adentro . É possível que ele esteja pesquisando o mesmo problema que você. Se ele publicar os resultados da pesquisa antes de você, ele, e não você, será o "grande mestre."

O pretendente ao título de "grande mestre" deve se dedicar de corpo e alma ao jogo da ciência. O cientista que assim procede ficará com conhecimentos cada vez mais refinados na sua área de especialização: ele conhecerá cada vez mais de cada vez menos. Mas, à medida que o seu "software" de linguagem científica se expande, os outros "softwares" vão se atrofiando. Por inatividade. O cientista se transforma num "homem uni-dimensional": vista apurada para explorar a sua caverna, denominada "área de especialização", mas cego em relação a tudo o que não seja aquilo previsto pelo jogo da ciência. Sua linguagem é extremamente eficaz para capturar objetos físicos. Totalmente incapaz de capturar relações afetivas. Se não houvesse homens no mundo, se o mundo fosse constituido apenas de objetos, então a linguagem da ciência seria completa. Acontece que os seres humanos amam, riem, têm medo, esperanças, sentem a beleza, apaixonam-se por ideais. Meteoros são objetos físicos. Podem ser ditos com a linguagem da ciência. A ciência os estuda e examina a possibilidade de que, eventualmente, um deles venha a colidir com a terra.
Dizem, inclusive, que foi um evento assim que pôs fim aos dinossauros. A paixão dos homens pelos ideais não é um objeto físico. Não pode ser dita com a linguagem da ciência. No entanto, ela é um não-objeto que têm poder para se apossar dos homens que, por causa dela se tornam heróis ou vilões, fazem guerra e fazem paz. Mas um projeto de pesquisa sobre a paixão dos homens pelos idéias não é admissível na linguagem da ciência. Não não seria aceito para ser publicado numa revista científica indexada internacional. Não é científico.
A ciência é muito boa - dentro dos seus precisos limites. Quando transformada na única linguagem para se conhecer o mundo, entretanto, ela pode produzir dogmatismo, cegueira e, eventualmente, emburrecimento.

FRANCISCO DAUDT - Intimidade

O ex-presidente Janio Quadros foi abordado pela repórter:

" -E aí, Janio, o que há de novo?"

"-Esta nossa intimidade. Intimidade, minha jovem, só traz aborrecimentos e filhos, e eu não quero nenhum dos dois com a senhorita".

Ele zelava por um bem precioso que a moça tentava lhe tomar. A intimidade nos é algo tão caro que nem dada deve ser. No máximo emprestada, com direito a devolução. Tomada de nós, jamais!

Olhe-a, portanto, como sua poupança, sua casa. Valiosa, pode ser bem aplicada, mas corre riscos. Ela passou a existir com o surgimento do indivíduo. Não me fiz claro: não é a partir do nosso nascimento, mas da criação do indivíduo.

Sua existência é uma novidade na história humana. Na aldeia primitiva, na tribo que não passava de 200 pessoas, não havia indivíduos.

As pessoas eram empasteladas, todos se metiam na vida dos outros, não havia intimidade, não havia indivíduo, pois uma coisa se alimenta da outra (ou a falta de uma, vai matando a outra). A aldeia homogênea continua na tirania das cidades pequenas, das tribos de adolescentes, dos colégios (o bullying patrulha diferenças), das religiões fanáticas: todos patrulham todos, para que todos sejam iguais.

Formigueiros, colméias, o ideal comunista da "igualdade", não a democrática de oportunidade e de direitos, mas a dos cupins, em que todos são células de um só corpo, o Partido. "A morte foi vencida! As pessoas não são mais que células, o que importa é o corpo". Até tiranos são iguais.

O aparecimento do indivíduo só foi possível com os direitos humanos, a democracia e as grandes cidades, onde ser anônimo protege a intimidade.

O personagem da história de hoje é um indivíduo. Único o bastante para não participar de redes sociais nem ter celular. Um pária, portanto: empresta sua intimidade para poucos escolhidos; conversa assuntos; não interrompe ninguém para atender ao telefone, ou digitar mensagens. Estóico, resigna-se quando alguém menos íntimo o faz. É um homem de vida calma, apreciador das virtudes.

Adora carros desde criança. São, como diz, as esculturas contemporâneas que mais preza.

Resolveu vender seu atual, que não é espetacular, apenas é lindo. Sua irmã ofereceu-lhe a postagem da belezura em sua página do facebook, vai que algum "amigo" se interessasse? Ele, pária que é, aceitou. Para quê?

Choveram mensagens metidas a engraçadinhas, debochando dele e de seu carro. Uma em particular, chocou-o, pois vinha de alguém que ele tem em alta conta.

Deu trabalho explicar-lhe que a internet serve para o bem, mas igualmente pode despertar, na massa linchadora, um bullying nas melhores pessoas. Contaminadas pela moda, viram patrulhadoras das diferenças, num território livre para a inveja e o ódio.

Ódios sarcásticos e "espertos" ganham pontos como símbolo de status. As redes sociais podem dar vazão à tendência humana a se encarneirar e em transformar indivíduos em carneiros.

O pecado desse personagem foi ter sua intimidade exposta. Mas não era nada pessoal, just business, como diz outra comunidade homogênea, a máfia. 

DANUZA LEÃO - Certos momentos

Ficou combinado que quem sorri muito é mais feliz 
do que os sérios, mas não sei se é mesmo fundamental.

Outro dia - era um sábado - saí de manhã para fazer umas coisas bem pouco interessantes, tipo comprar cabides, lata de lixo, um armário para a área etc.; mais sem graça, impossível. Quando terminei, eram 2h da tarde e eu estava com fome.
Por coincidência, quando vi, bem ao lado, um restaurante que adoro, de comida baiana. Entrei, pedi uma caipirinha e um acarajé.
Eu estava tranquila, tinha conseguido liquidar minha listinha e, sedenta e faminta, iria beber e comer exatamente o que queria. O restaurante foi enchendo, e a única mesa com uma só pessoa era a minha.
Algumas pessoas me olharam meio de banda, possivelmente achando estranho uma mulher almoçando sozinha num sábado de sol. Talvez tenham pensado que eu havia levado um bolo, ou que era uma pobre coitada que não tinha amigos com quem almoçar, ou sei lá mais o quê.
Terminei meu acarajé, que aliás estava ótimo, pedi mais uma caipirinha e uma moqueca de camarão.
Comi muito, mais do que deveria, mas estava tudo tão bom, mas tão bom, que eu acho que merecia.
Quando estou comendo, só presto atenção -e muita- ao que estou fazendo; mas quando terminei, e só então, comecei a olhar as pessoas.
Em uma das mesas elas eram seis, que conversavam alto, todas falavam, e pareciam alegres; em outra, um casal de turistas, tipo lua de mel, felizes da vida, e havia uma -também de seis- em que todos riam e gargalhavam, parecendo se divertir muito.
Aí fiquei pensando (uma mania que tenho). Será que os que riem e dão gargalhadas são mais felizes do que os que apenas conversam, talvez até sobre as mais banais banalidades? E mais do que os que estão sozinhos?
Ficou combinado que quem sorri muito, ri muito, gargalha muito é mais feliz do que os sérios, mas não sei se para viver bem -e não estou falando de felicidade- é mesmo fundamental estar sempre rindo.
Pensei que, se estivesse em qualquer daquelas mesas, não estaria melhor do que estava, ali, sozinha.
Quem inventou que rir é mesmo melhor do que não rir? Eu já ri muito, muito mais do que rio agora, e isso não me faz a menor falta; aliás, tenho horror aos profissionais em dizer coisas engraçadas, que são a alegria da festa, que fazem os outros gargalhar. "Vamos jantar sim, vai ter fulano, que é ótimo, divertidíssimo"; essa frase, aliás, já é uma boa razão para eu não ir.
Continuei mais um tempo na mesa, e tão bem, que ainda pedi uma cocada branca de sobremesa, e pensei que inventam umas coisas nas quais as pessoas acreditam; talvez, naquele sábado, muitos homens e mulheres acreditaram no que ouviram dizer, e estavam infelizes por estarem em casa, porque não tinham com quem almoçar, alguém engraçado, para que eles rissem um pouco.
Vou repetir, para que não haja engano: eu não estava vivendo nenhum momento de intensa felicidade. Mas estava tão bem, mas tão bem, que naquele momento não precisava de mais nada na vida; de nada. Já passei por momentos assim algumas vezes, e lembro de todos eles, porque foram todas inesquecíveis, e aprendi a identificar, na hora, quando eles acontecem, assim, a troco de nada; será que isso tem um nome?
E, curioso: em todos eu estava absolutamente só.

VIAJAR NO TEMPO É POSSÍVEL?

De um ponto de vista puramente físico, 
a viagem para o futuro não somente é possível, como acontece sempre. 

Entretanto, viajar para o passado é um problema um pouco maior.

Nós podemos viajar em diferentes níveis para o futuro”, afirma Seth Lloyd, professor de engenharia mecânica quântica no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). “Mas viajar para o passado, e mudar as coisas, é mais controverso”.

Meu relógio ou o seu?
Para um exemplo de viagem no tempo bem palpável, pense nos satélites de GPS. Se não fossem construídos para serem calibrados, eles revelariam o tempo com uma diferença de 38 microssegundos todos os dias. “Os relógios na Terra andam um pouco mais devagar do que os satélites no espaço”, afirma Lloyd.

A justificativa é a relatividade, descrita por Einstein. Um objeto que se move mais rápido em relação a outro experimenta uma passagem de tempo mais lenta. Imagine satélites se movendo a 14 mil quilômetros por hora.

A segunda justificativa tem a ver com a gravidade. Relógios mais próximos de uma massa gravitacional, como a Terra, se movem mais devagar do que os mais distantes. Os satélites orbitam 20.100 quilômetros da superfície da Terra.

Futuro, aqui vamos nós
Ambos os casos de dilatação – espaço ou gravidade – permitem viajar para o futuro.

Fazer tal feito é questão de investimento e tecnologia. “Fazer uma viagem via relatividade vai exigir soluções de engenharia para construir coisas como motores de foguete com combustível suficiente para viagens muito longas”, afirma o professor de física Jeff Tollaksen.

Ir e vir até uma estrela distante nem seria necessário. O efeito seria atingido se simplesmente ficássemos em uma centrífuga gigante a quase a velocidade da luz (apesar da morte iminente).

A segunda tentativa, da gravidade, também seria letal. Digamos que você possa ficar em uma estrela de nêutrons por alguns anos, e uma década teria passado na Terra. Mas, é claro, você não sobreviveria à super gravidade do corpo celeste.

E o passado?
De acordo com a relatividade geral, um buraco negro rotatório pode modificar o espaço e tempo, formando caminhos para momentos antigos. Entretanto, a ideia comum de viajar no tempo parece um pouco “além” demais.

Lloyd conduziu experimentos quânticos que sugerem que as linhas do tempo se mantém consistentes. “A ideia foi enviar um fóton alguns bilionésimos de segundo até o passado e tentar fazer com que ele destruísse seu antigo ser”, afirma.

Mas conforme os fótons chegavam mais perto de interferir em si mesmos, a probabilidade do experimento dar certo ficava menor. “Nossa teoria tem uma censura automática de coisas que são completamente inconsistentes. Quando você volta no tempo, não importa o quanto tente, não consegue mudar o que quer mudar”.

Existem outras formas de viajar ao passado, como viajar na velocidade da luz ou os teóricos “buracos de minhoca”, que conectam diferentes regiões do cosmos.

Mas nenhuma dessas alternativas parece muito palpável. Temos simplesmente que admitir os erros do passado e conviver com eles. “Mesmo que as leis da física nos permitissem visitar o passado, não é claro ainda como isso aconteceria em nosso universo”, finaliza Lloyd.
Por Bernardo Staut [LiveScience]

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.

A Casa Encantada & À Frente, O Verso.
Livros de Edmir Saint-Clair

Escolha o tema:

- Mônica El Bayeh (1) 100 DIAS QUE MUDARAM O MUNDO (1) 45 LIÇÕES QUE A VIDA ME ENSINOU (1) 48 FRASES GENIAIS (1) 5 CHAVES PARA FREAR AS RELAÇÕES TÓXICAS NA FAMÍLIA (1) 5 MITOS SOBRE O CÉREBRO QUE ATÉ OS NEUROCIENTISTAS ACREDITAM (1) A ALMA ESTÁ NA CABEÇA (1) A FUNÇÃO SOCIAL DA CULPA (1) A GREVE DAS PALAVRAS (1) A LUCIDEZ PERIGOSA (1) A PANDEMIA VISTA DE 2050 (1) A PARÁBOLA BUDISTA (1) A PÍLULA DA INTELIGÊNCIA (1) A PRÁTICA DA BOA AMIZADE (1) A PREOCUPAÇÃO EXCESSIVA COM A APARÊNCIA FÍSICA (1) A QUALIDADE DO SEU FUTURO - Edmir Silveira (1) A SOMBRA DAS CHUTEIRAS IMORTAIS (1) A Tua Ponte (1) A vergonha pode ser o início da sabedoria (1) AFFONSO ROMANO DE SANT'ANNA (5) Amigos (4) amizade (2) ANA CAROLINA DECLAMA TEXTO DE ELISA LUCINDA (1) ANDRÉ COMTE-SPONVILLE (3) ANTONIO CÍCERO (2) ANTÓNIO DAMÁSIO (3) ANTÔNIO MARIA (2) ANTONIO PRATA (2) antropologia (3) APENAS UMA FOLHA EM BRANCO SOBRE A MESA (1) APOLOGIA DE PLATÃO SOBRE SÓCRATES (1) ARISTÓTELES (2) ARNALDO ANTUNES (2) ARNALDO BLOCH (1) Arnaldo Jabor (36) ARTHUR DA TÁVOLA (12) ARTHUR DAPIEVE (1) ARTHUR RIMBAUD (2) ARTHUR SCHOPENHAUER (5) ARTUR DA TÁVOLA (9) ARTUR XEXÉO (6) ASHLEY MONTAGU (1) AUGUSTO CURY (4) AUTOCONHECIMENTO (2) BARÃO DE ITARARÉ (3) BARUCH SPINOZA (3) BBC (9) BBC Future (4) BERNARD SHAW (2) BERTRAND RUSSELL (1) BISCOITO GLOBO (1) BRAINSPOTTING (1) BRUNA LOMBARDI (2) CACÁ DIEGUES (1) CAETANO VELOSO (10) caio fernando abreu (5) CARL JUNG (1) Carl Sagan (1) CARLOS CASTAÑEDA - EXPERIÊNCIAS DE ESTRANHAMENTO (1) CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (23) CARLOS EDUARDO NOVAES (1) CARLOS HEITOR CONY (3) CARTA DE GEORGE ORWELL EXPLICANDO O LIVRO 1984 (1) CECÍLIA MEIRELES (5) CELSO LAFER - Violência (1) CÉREBRO (17) CHARLES BAUDELAIRE (4) CHARLES BUKOWSKI (3) Charles Chaplin (4) Charles Darwin (2) CHÂTEAU DE VERSAILLES (1) CHICO ANYSIO (3) Christian Ingo Lenz Dunker (9) CIÊNCIA E RELIGIÕES (1) CIÊNCIAS (20) CIENTISTA RUSSO REVELA O QUE OCORRE CONOSCO APÓS A MORTE (1) cinema (6) CLARICE LISPECTOR (17) CLÁUDIA LAITANO (3) CLAUDIA PENTEADO (8) Coletâneas Cult Carioca (1) COMO A INTERNET ESTÁ MUDANDO AS AMIZADES (1) COMO A MÚSICA PODE ESTIMULAR A CRIATIVIDADE (1) COMO A PERCEPÇÃO DO TEMPO MUDA DE ACORDO COM A LÍNGUA (1) COMO A PERDA DE UM DOS PAIS PODE AFETAR A SUA SAÚDE MENTAL (1) COMO A SOLIDÃO ALIMENTA O AUTORITARISMO (1) COMO COMEÇAR DO ZERO EM QUALQUER IDADE (1) COMPORTAMENTO (528) Conexão Roberto D'Avila - STEVENS REHEN - IMPERDÍVEL - ALTISSIMO NIVEL DE CONHECIMENTO (1) CONHEÇA 10 PESSOAS QUE QUASE FICARAM FAMOSAS (1) conhecimento (6) CONTARDO CALLIGARIS (17) CONVERSAS NECESSÁRIAS (1) CORA CORALINA (3) CORA RÓNAI (6) CORTES DIRETO AO PONTO (32) Cristiane Segatto (8) CRÔNICAS (992) Crônicas. (172) CRUZ E SOUSA (1) CULT MOVIE (5) CULT MUSIC (10) CULT VÍDEO (21) DALAI LAMA (5) DALTON TREVISAN (1) Dante Alighieri (1) DANUZA LEÃO (30) DE ONDE VÊM OS NOMES DAS NOTAS MUSICAIS? (1) DEEPAK CHOPRA (3) DENTRO DE MIM (1) DRAUZIO VARELLA (11) E. E. CUMMINGS (3) EDGAR MORIN (2) Edmir Saint-Clair (78) EDUARDO GALEANO (3) ELIANE BRUM (25) ELISA LUCINDA (4) EM QUE MOMENTO NOS TORNAMOS NÓS MESMOS (1) Emerson (1) EMILY DICKINSON (1) Emmanuel Kant (1) Empatia (3) entrevista (11) EPICURO (3) Epiteto (1) Erasmo de Roterdam (1) ERÓTICA É A ALMA (1) Eu Cantarei de Amor Tão Docemente (1) Eu carrego você comigo (2) Fábio Porchat (8) FABRÍCIO CARPINEJAR (5) FEDERICO GARCIA LORCA (2) FERNANDA TORRES (23) FERNANDA YOUNG (6) Fernando Pessoa (13) FERNANDO SABINO (4) FERREIRA GULLAR (24) FILHOS (5) filosofia (217) filósofo (10) FILÓSOFOS (7) Flávio Gikovate (25) FLORBELA ESPANCA (8) FRANCISCO DAUDT (25) FRANZ KAFKA (4) FRASES (39) Frases e Pensamentos (8) FREUD (4) Friedrich Nietzsche (2) Friedrich Wilhelm Nietzsche (1) FRITJOF CAPRA (2) GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ (2) GEMÄLDEGALERIE - Berlin - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) GERALDO CARNEIRO (1) Gilles Deleuze (2) HANNAH ARENDT (1) HELEN KELLER (1) HELOISA SEIXAS (10) Heloísa Seixas (1) Henry David Thoreau (1) HERMANN HESSE (10) HILDA HILST (1) IMMANUEL KANT (1) INTELIGENCIA (2) intimidade (6) IRMÃ SELMA (1) Isaac Asimov. (1) ISABEL CLEMENTE (2) IVAN MARTINS (22) JEAN JACQUES ROUSSEAU (1) JEAN PAUL SARTRE (1) JEAN-JACQUES ROUSSEAU (3) Jean-Paul Sartre (2) JEAN-YVES LELOUP - SEMEANDO A CONSCIÊNCIA (1) Jô Soares (4) JOÃO CABRAL DE MELO NETO (1) JOÃO UBALDO RIBEIRO (14) JOHN NAUGHTON (1) JORGE AMADO (1) JORGE FORBES (1) jornalista (3) JOSÉ PADILHA (2) JOSE ROBERTO DE TOLEDO (1) JOSÉ SARAMAGO (8) JULIO CORTÁZAR (2) KAHLIL GIBRAN (3) Kant (2) KETUT LIYER (1) Khalil Gibran (5) Klaus Manhart (2) KRISHNAMURTI (1) Lao-Tzu (1) LE-SHANA TOVÁ TIKATEVU VE-TECHATEMU - Nilton Bonder (1) LEANDRO KARNAL (3) LEDA NAGLE (2) LÊDO IVO (2) LETÍCIA THOMPSON (2) literatura (69) literatura brasileira (23) LUIGI PIRANDELLO (2) LUIS FERNANDO VERISSIMO (15) LUIS FERNANDO VERÍSSIMO (7) LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO (13) LUIS VAZ DE CAMÕES (2) LUIZ FERNANDO VERISSIMO (6) LYA LUFT (33) LYGIA FAGUNDES TELLES (1) MADHAI (4) Mahatma Gandhi (5) Maiakowski (1) MANOEL CARLOS (11) MANOEL DE BARROS (1) MANUEL BANDEIRA (4) MAPA INTERATIVO PERMITE VIAJAR NO TEMPO E VER 'SUA CIDADE' HÁ 600 MILHÕES DE ANOS (1) Marcel Camargo (12) MARCELO RUBENS PAIVA (7) MARCIA TIBURI (12) MARÍLIA GABRIELA entrevista RAFINHA BASTOS (1) MARINA COLASANTI (6) MÁRIO LAGO (1) Mário Prata (3) MÁRIO QUINTANA (15) MÁRIO SÉRGIO CORTELLA (4) MARIO VARGAS LLOSA (1) MARK GUNGOR (1) martha medeiros (92) MARTIN LUTHER KING JR (1) MARTINHO DA VILA (1) MELATONINA: O HORMÔNIO DO SONO E DA JUVENTUDE (1) MIA COUTO (14) MIA COUTO: “O PORTUGUÊS DO BRASIL VAI DOMINAR” (1) MICHEL FOUCAULT (1) MIGUEL ESTEVES CARDOSO (4) MIGUEL FALABELLA (14) Miguel Torga (2) MILAN KUNDERA (1) MILLÔR FERNANDES (3) MOACYR SCLIAR (12) MÔNICA EL BAYEH (4) Monja Cohen (1) MUSÉE D'ORSAY - PARIS - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) MUSEU NACIONAL REINA SOFIA - Madrid - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) MUSEU VAN GOGH - Amsterdam - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) NÃO DEVEMOS TER MEDO DA EVOLUÇÃO – Edmir Silveira (1) NARCISISMO COLETIVO (1) Natasha Romanzoti (3) NÉLIDA PIÑON (1) NELSON MANDELA (1) NELSON MOTTA (28) NELSON RODRIGUES (3) NEUROCIÊNCIA (143) NILTON BONDER (1) NOAM CHOMSKY (2) NOITE DE NATAL (1) O BRASIL AINDA NÃO DESCOBRIU O CABRAL TODO (1) O CLIQUE (1) O MITO DA CAVERNA DE PLATÃO: A DUALIDADE DA NOSSA REALIDADE (1) O MITO DO AMOR MATERNO – Maria Lucia Homem (1) O Monge Ocidental (2) O MUNDO DA GENTE MORRE ANTES DA GENTE (1) O MUNDO SECRETO DO INCONSCIENTE (1) O PENSAMENTO DE CARL SAGAN (1) O PODER DO "TERCEIRO MOMENTO" (1) O PODER TERAPÊUTICO DA ESTRADA - Martha Medeiros (1) O QUE A VIDA ENSINA DEPOIS DOS 40 (1) O QUE É A TÃO FALADA MEDITAÇÃO “MINDFULNESS” (1) O QUE É A TERAPIA EMDR? – Ignez Limeira (1) O QUE É BOM ESCLARECER AO COMEÇAR UM RELACIONAMENTO AMOROSO (1) O QUE É CIENTÍFICO? - Rubem Alves (1) O que é liberdade (1) O QUE É MAIS IMPORTANTE: SER OU TER? (1) O QUE É MENTE (1) O QUE É MODERNIDADE LÍQUIDA (1) O QUE É O AMOR PLATÔNICO? (1) O QUE É O PENSAMENTO ABSTRATO (1) O QUE É OBJETIVISMO (1) O QUE É SER “BOM DE CAMA”? (1) O QUE É SER INTELIGENTE (1) O QUE É SER LIVRE? (1) O QUE É SER PAPA? - Luiz Paulo Horta (1) O QUE É SERENIDADE? (1) O QUE É UM PSICOPATA (1) O QUE É UMA COMPULSÃO? - Solange Bittencourt Quintanilha (1) O QUE FAZ O AMOR ACABAR (1) O que se passa na cama (1) O ROUBO QUE NUNCA ACONTECEU (2) O Sentido Secreto da Vida (2) OBRIGADO POR INSISTIR - Martha Medeiros (1) OCTAVIO PAZ (2) OLAVO BILAC (1) ORGASMO AJUDA A PREVENIR DOENÇAS FÍSICAS E MENTAIS (1) ORIGEM DA CONSCIÊNCIA (1) Os canalhas nos ensinam mais (2) OS EFEITOS DE UM ÚNICO DIA DE SOL NA SUA PELE (1) OS HOMENS OCOS (1) OS HOMENS VÃO MATAR-SE UNS AOS OUTROS (1) OTTO LARA RESENDE (1) OUTROS FORMATOS DE FAMÍLIA (1) PABLO NERUDA (22) PABLO PICASSO (2) PALACIO DE VERSAILLES - França - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) Pandemia (2) PAULO COELHO (6) PAULO MENDES CAMPOS (2) PEDRO BIAL (4) PENSADORES FAMOSOS (1) pensamentos (59) PERFIL DE UM AGRESSOR PSICOLÓGICO: 21 CARACTERÍSTICAS COMUNS (1) PERMISSÃO PARA SER INFELIZ - Eliane Brum com a psicóloga Rita de Cássia de Araújo Almeida (1) poemas (8) poesia (281) POESIAS (59) poeta (76) poetas (18) POR QUE A CULPA AUMENTA O PRAZER? (1) POR QUE COMETEMOS ATOS FALHOS (1) POR QUE GOSTAMOS DE MÚSICAS TRISTES? (1) porto alegre (6) PÓS-PANDEMIA (1) PRECISA-SE (1) PREGUIÇA: AS DIFERENÇAS ENTRE A BOA E A RUIM (1) PROCRASTINAÇÃO (1) PROPORÇÕES (1) PSICANALISE (5) PSICOLOGIA (432) psiquiatria (8) QUAL O SENTIDO DA VIDA? (1) QUANDO A SUA MENTE TRABALHA CONTRA VOCÊ (1) QUANDO FALAR É AGREDIR (1) QUANDO MENTIMOS MAIS? (1) QUANDO O AMOR ACABA (1) QUEM FOI EPICURO ? (1) QUEM FOI GALILEU GALILEI? (1) Quem foi John Locke (1) QUEM FOI TALES DE MILETO? (1) QUEM FOI THOMAS HOBBES? (1) QUEM INVENTOU O ESPELHO (1) Raul Seixas (2) Raul Seixas é ATROPELADO por uma onda durante uma ressaca no Leblon (1) RECEITA DE DOMINGO (1) RECOMEÇAR (3) RECOMECE - Bráulio Bessa (1) Reflexão (3) REFLEXÃO DE BERT HELLINGER (1) REGINA NAVARRO LINS (1) REJUVENESCIMENTO - O DILEMA DE DORIAN GRAY (1) RELACIONAMENTO (5) RENÉ DESCARTES (1) REZAR E AMAR (1) Rick Ricardo (5) RIJKSMUSEUM - Amsterdam - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) RIO DE JANEIRO (10) RITA LEE (5) Robert Epstein (1) ROBERT KURZ (1) ROBERTO D'ÁVILA ENTREVISTA FLÁVIO GIKOVATE (1) ROBERTO DaMATTA (8) Roberto Freire (1) ROBERTO POMPEU DE TOLEDO (1) RUBEM ALVES (26) RUBEM BRAGA (1) RUTH DE AQUINO (16) RUTH DE AQUINO - O que você revela sobre você no Facebook (1) Ruy Castro (10) SAINDO DA DEPRESSÃO (1) SÁNDOR FERENCZI (1) SÁNDOR MÁRAI (3) SÃO DEMASIADO POBRES OS NOSSOS RICOS (1) SAÚDE MENTAL (2) Scott O. Lilienfeld (2) século 20 (3) SÊNECA (7) SENSAÇÃO DE DÉJÀ VU (1) SER FELIZ É UM DEVER (2) SER MUITO INTELIGENTE: O LADO RUIM DO QUAL NÃO SE FALA (1) SER OU ESTAR? - Suzana Herculano-Houzel (1) Ser Pai (1) SER PASSIVO PODE SER PREJUDICIAL À SAÚDE (1) SER REJEITADO TORNA VOCÊ MAIS CRIATIVO (1) SERÁ QUE SUA FOME É EMOCIONAL? (1) SEXO É COLA (1) SEXO TÂNTRICO (1) SEXUALIDADE (2) Shakespeare. O bardo (1) Sidarta Ribeiro (4) SIGMUND FREUD (4) SIMONE DE BEAUVOIR (1) Simone Weil (1) SINCERICÍDIO: OS RISCOS DE SE TORNAR UM KAMIKAZE DA VERDADE (1) SÓ DE SACANAGEM (2) SÓ ELAS ENTENDERÃO (1) SOCIOLOGIA (10) SÓCRATES (2) SOFRER POR ANTECIPAÇÃO (2) Solange Bittencourt Quintanilha (13) SOLITÁRIOS PRAZERES (1) STANISLAW PONTE PRETA (5) Stephen Kanitz (1) Steve Ayan (1) STEVE JOBS (5) SUAS IDEIAS SÃO SUAS? (1) SUPER TPM: UM TRANSTORNO DIFÍCIL DE SER DIAGNOSTICADO (1) Super YES (1) Suzana Herculano-Houzel (10) T.S. ELIOT (2) TALES DE MILETO (2) TATE BRITAIN MUSEUM (GALLERY) (1) TERAPIA (4) THE METROPOLITAN MUSEUM OF ART (1) THE NATIONAL GALLERY OF LONDON - Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (1) THIAGO DE MELLO (2) TODA CRIANÇA É UM MAGO - Augusto Branco (1) Tom Jobim (2) TOM JOBIM declamando Poema da Necessidade DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (1) TONY BELLOTTO (3) Tour virtual - Você controla o que quer ver - Obra por obra (2) TRUQUE DO PANO: PROTEJA O CACHORRO DO BARULHO FEITO PELOS FOGOS DE ARTIFÍCIO (1) UM CACHORRO PRETO CHAMADO DEPRESSÃO (1) UM ENCONTRO COM LACAN (1) UM VÍRUS CHAMADO MEDO (1) UMA REFLEXÃO FABULOSA (1) UNIÃO EUROPEIA INVESTE EM PROGRAMA PARA PREVER O FUTURO (1) ÚNICO SER HUMANO DA HISTÓRIA A SER ATINGIDO POR UM METEORITO (1) velhice (2) Viagem ao passado (2) VICTOR HUGO (4) VÍDEO - O NASCIMENTO DE UM GOLFINHO (1) VÍDEO - PALESTRA - MEDO X CRIATIVIDADE (1) VÍDEO ENTREVISTA (2) VÍDEO PALESTRA (14) Vinícius de Moraes (3) VIVIANE MOSÉ (4) VLADIMIR MAIAKOVSKI (2) W. B. YEATS (1) W. H. Auden (2) WALCYR CARRASCO (4) WALT WHITMAN (4) Walter Kaufmann (1) Way Herbert (1) Wilhelm Reich (2) WILLIAM FAULKNER (1) William Shakespeare (4) WILSON SIMONAL e SARAH VAUGHAN (1)

RACISMO AQUI NÃO!

RACISMO AQUI NÃO!